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O que seu corpo te conta antes da crise?

Você já sentiu um aperto no peito sem saber por quê?
Ou percebeu que está prendendo a respiração no meio de uma conversa aparentemente normal?
Esses sinais não são aleatórios — são alertas silenciosos do seu corpo. E quanto mais cedo você aprende a escutar, maior a chance de regular suas emoções antes que elas transbordem.

A maioria de nós foi ensinada a lidar com emoções usando apenas a cabeça: “racionaliza”, “deixa pra lá”, “foca no que importa”. Mas o corpo fala. E muitas vezes, fala primeiro.

Vamos olhar com mais atenção para o que ele tenta dizer antes da crise chegar:

1. Mapeie os sinais do corpo

Quando algo te desregula emocionalmente — mesmo que você não perceba na hora — o corpo reage. Os sinais mais comuns incluem:

  • respiração curta ou presa;

  • tensão nos ombros ou mandíbula;

  • estômago embrulhado;

  • mãos geladas ou suadas;

  • cansaço repentino sem motivo físico.

-Esses sinais são a linguagem do corpo. Eles não mentem, mesmo quando a mente ainda está dizendo “tá tudo bem”. Um bom exercício é observar quando e onde eles costumam aparecer:É no trabalho? em conversas específicas? ao acordar ou antes de dormir?-

2. Nomeie a emoção que está por trás

Depois de identificar o sinal, pergunte a si mesma:
O que eu estava sentindo quando isso apareceu?
O que aconteceu antes?
Que história essa sensação me conta?

Nomear a emoção ajuda o cérebro a sair do modo reativo (amígdala) e acessar regiões mais reguladoras (como o córtex pré-frontal). Isso facilita o processamento e diminui a intensidade do sintoma físico. Pode ser medo, raiva, frustração, vergonha, tristeza…Você não precisa ter certeza absoluta. Basta começar a dar forma ao que antes era só tensão.

3. Pratique micro-ajustes de 2 minutos

Não precisa de uma longa meditação ou uma sessão de terapia naquele instante (embora elas sejam importantes). Pequenos ajustes já ajudam a desativar o estado de alerta:

  • Coloque a mão no peito e respire fundo 3 vezes, lentamente.

  • Alongue o pescoço ou os ombros com suavidade.

  • Feche os olhos por 1 minuto e sinta o contato dos pés com o chão.

  • Beba um copo de água prestando atenção ao ato de beber.

  • Traga para o pensamento alguém que te transmite segurança.

Esses movimentos curtos sinalizam para o corpo: você está segura.
E isso já é o suficiente para começar a retomar o equilíbrio.

-Atenção é cuidado-

Se você treinar essa escuta por alguns dias, vai começar a notar padrões. E com o tempo, vai reconhecer os avisos do corpo antes que a crise venha.

🌀 Salve este guia e teste por 7 dias.
Às vezes, a maior prevenção é aprender a escutar o sutil.

Te vejo no próximo post.

💖

Quando a calma se torna estranha

Depois de meses vivendo no limite, você finalmente tem um tempo de respiro.
A rotina desacelera. O trabalho se acalma. As demandas da casa diminuem.
Você pensa que vai sentir alívio. Mas não sente.
Sente um vazio esquisito. Um desconforto difícil de explicar.

A calma chegou — mas veio acompanhada de um estranhamento.

Por que isso acontece?

Porque o corpo e a mente se habituam a funcionar em modo alerta.
Quando passamos muito tempo lidando com urgências, nossa biologia se adapta:
o cérebro libera mais cortisol, a atenção fica voltada para o que pode dar errado, e os sistemas de descanso e prazer entram em segundo plano.
Esse estado, que deveria ser passageiro, vira o novo normal.

Então, quando finalmente há espaço para desacelerar, a mente se assusta.
A paz parece perigosa.
O silêncio parece ameaçador.
O descanso parece errado.

Muitas pessoas se sentem culpadas ao descansar. Outras, inquietas. Outras ainda sentem tristeza — como se, ao parar, emoções reprimidas finalmente encontrassem espaço para emergir.

É comum que, ao sair do “modo sobrevivência”, venham sentimentos guardados:
cansaço profundo, angústias antigas, lutos não vividos.
E isso não é recaída.
É processo.
É como se o corpo dissesse: agora eu posso sentir.

Estranhar a calma não é sinal de fraqueza. É sinal de que você está saindo do estado de alerta.

Mulher praticando o Mindfullness em sua casa, em ambiente claro, suave e com plantas de folhagens, demonstrando calma e passividade

Aprender a habitar o descanso é também um treino.
Reaprender a confiar no silêncio, a saborear uma tarde sem tarefas, a não se justificar por cuidar de si.

É nesse espaço — ainda desconfortável — que a reconstrução começa.
É ali que o sistema nervoso reaprende a regular, que o coração volta a bater no próprio ritmo, e que a alma encontra espaço para se reorganizar.

Então, se você se identificou com esse estranhamento, não se culpe.
Apenas observe:
O que está aparecendo agora que antes era abafado pela correria?
Como você reage quando o mundo te oferece pausa?
O que seria preciso para você sentir que pode descansar em paz, sem precisar merecer?

Às vezes, o que mais assusta não é o caos — é o espaço que vem depois.
Mas é nesse espaço que a vida nova começa a brotar.

Te vejo no próximo post.

💖

Quais as vantagens e desvantagens de ser inflexível?

Você se considera uma pessoa inflexível? Daquelas que gostam das coisas do próprio jeito, com regras claras e aversão a mudanças?

Antes de se julgar, vale entender de onde vem esse padrão.
A rigidez emocional geralmente está ligada à tentativa de manter o controle. É uma forma de se proteger do que é incerto — do erro, da rejeição, do conflito, do imprevisto.

Pessoal com face de teimosia por precisar escolher algo que não quer.

Ser inflexível nem sempre é um problema. Na verdade, esse comportamento pode oferecer algumas vantagens reais:

  • Clareza de valores

  • Organização e constância

  • Determinação para cumprir o que foi proposto

  • Baixa impulsividade

  • Sentimento de segurança

Pessoas inflexíveis costumam ser vistas como “firmes” e confiáveis. Mas o que funciona como proteção pode, aos poucos, se transformar em prisão.

Desvantagens de ser inflexível

Quando a inflexibilidade emocional toma conta, ela pode limitar:

  • A escuta do outro

  • A empatia nas relações

  • A capacidade de improvisar ou adaptar

  • O prazer de viver com mais leveza

Além disso, pode gerar sofrimento interno: autocobrança, frustração, medo de errar ou de ser mal interpretado. Isso cria um ciclo onde a pessoa exige muito de si e dos outros, dificultando conexões afetivas mais espontâneas.

Por que esse padrão se repete?

Muitas vezes, a rigidez surge na infância, como uma forma de lidar com ambientes caóticos ou imprevisíveis. O controle trazia uma falsa sensação de segurança.

Na vida adulta, esse padrão persiste mesmo quando já não é mais necessário.

Pessoa em pé diante de um caminho bifurcado, refletindo sobre decisões e possibilidades.

É possível mudar?

Sim — mas não se trata de virar o oposto.
A proposta é desenvolver flexibilidade emocional: a habilidade de se adaptar, repensar escolhas e se abrir ao novo, sem perder sua essência.

Pergunte-se:

  • Onde esse controle me protegeu no passado?

  • O que eu poderia ganhar se fosse mais flexível agora?

  • Existe uma forma de manter meus valores sem me fechar para o outro?

Ser flexível é ampliar possibilidades.
É entender que mudar de ideia, escutar, ajustar rotas — tudo isso também é força.

Te vejo no próximo post.

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Parentalidade Saudável: Como a forma de educar influencia o comportamento dos filhos

Nem sempre os pais percebem, mas a forma como lidam com as emoções, os limites e o cotidiano com seus filhos tem um impacto direto no modo como essas crianças se desenvolvem — não apenas no comportamento, mas também na maneira como sentem, se percebem e se relacionam com o mundo.

O termo parentalidade saudável diz respeito à construção de um vínculo seguro entre pais e filhos, onde há espaço para escuta, firmeza, acolhimento e presença afetiva. Isso não significa acertar sempre, nem eliminar os conflitos da rotina, mas sim oferecer uma base estável sobre a qual a criança possa crescer com confiança e estrutura interna.

Pais e filho sentados no chão trocando olhares e rindo, simbolizando vínculo seguro e convivência afetuosa

Na infância, é através da convivência com os cuidadores que a criança vai formando seus primeiros modelos internos sobre si mesma, sobre os outros e sobre como o mundo funciona. Se ela é constantemente escutada, acolhida e compreendida — mesmo quando erra ou se desregula emocionalmente —, desenvolve a noção de que é digna de amor, mesmo em seus momentos difíceis. Por outro lado, quando cresce em ambientes marcados por crítica constante, ausência emocional ou autoritarismo, ela pode internalizar a ideia de que precisa se calar para ser aceita ou que precisa controlar o outro para se sentir segura.

A parentalidade, nesse sentido, não educa só o comportamento: ela molda a experiência emocional do filho com o próprio mundo interno.

Estudos como os de Diana Baumrind — que identificou os diferentes estilos parentais (autoritário, permissivo, negligente e autoritativo) — mostram que crianças criadas em contextos de equilíbrio entre afeto e limites claros tendem a desenvolver mais autonomia, empatia e autorregulação. Já o excesso de rigidez ou a ausência de referências consistentes está associado a maior risco de ansiedade, agressividade, baixa autoestima ou dificuldade em lidar com frustrações.

Pais lendo um livro sobre disciplina positiva e autoconhecimento, simbolizando a busca pelo o que eles querem ensinar para os filhos.

Mas não se trata de seguir um “modelo ideal” de criação. Até porque cada família tem sua história, seus recursos, suas limitações. O que faz diferença real é o desejo genuíno de construir presença com consciência. Isso significa, muitas vezes, parar para se perguntar: como eu costumo reagir quando meu filho erra? Que mensagens estou passando sobre sentimentos? Tenho exigido dele algo que nem eu mesma consegui desenvolver ainda?

Parentalidade saudável não nasce pronta: ela se constrói, um dia de cada vez, a partir da disposição de olhar para si também.

Buscar ajuda com um profissional formado em Orientação Parental, conversar com outros pais, ler, refletir… tudo isso faz parte do processo. E quanto mais conscientes estivermos das nossas próprias emoções e histórias, mais chances teremos de interromper ciclos que não queremos repetir.

Te vejo no próximo post.

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Culpa x responsabilidade: entenda a diferença e como isso afeta seu bem-estar emocional

Você já disse “a culpa foi minha” – quando, na verdade, o que estava em jogo era algo maior que um erro isolado?

Na Psicologia, compreender a diferença entre culpa e responsabilidade é fundamental para o equilíbrio emocional. Porque, como aponta o psicólogo Aaron Beck (1979), um dos fundadores da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), a forma como interpretamos nossos atos influencia diretamente nossas emoções e comportamentos.

Em outras palavras: culpa aprisiona, enquanto responsabilidade abre espaço para mudança.


O que é culpa?

A culpa surge quando interpretamos um ato como falha moral e passamos a julgar a nós mesmos como “errados”. Segundo estudos em Psicologia Moral, como os de Tangney e Dearing (2002), a culpa pode ter duas faces:

  • Uma adaptativa, que sinaliza que precisamos reparar algo;

  • E outra desadaptativa, que alimenta a vergonha, a autodepreciação e a paralisia emocional.

Na prática, quando a culpa se transforma em peso constante, ela deixa de ser sinalizadora e passa a ser um fardo emocional.

O que é responsabilidade?

A responsabilidade, por outro lado, não ignora os erros, mas muda a lente.
Ela permite reconhecer o impacto de nossas ações sem atacar quem somos.

A TCC reforça essa perspectiva ao trabalhar reestruturação cognitiva – ou seja, trocar pensamentos distorcidos (“sou uma pessoa horrível porque errei”) por interpretações mais funcionais (“errei, mas posso aprender e reparar”).

Responsabilidade é isso: não negar o erro, mas transformá-lo em ação consciente.


Culpa paralisa, responsabilidade movimenta

A diferença está no efeito emocional.
A culpa, especialmente a culpa tóxica, tende a gerar ruminação – aquele pensamento que roda em círculos, segundo Beck (2011), um dos fatores que mantém a depressão.
Já a responsabilidade cria movimento: abre caminho para arrependimento saudável, pedido de desculpas, reparação e aprendizado.

📌 Ou seja: a culpa diz “eu sou o erro”. A responsabilidade diz “eu cometi um erro, mas posso fazer diferente”.

Como praticar a responsabilidade sem cair na autossabotagem?

  • Reflita sem se julgar - Identificar pensamentos automáticos: em vez de “sou péssimo por ter feito isso”, pergunte-se “o que eu posso fazer a partir disso?”.

  • Assuma apenas o que cabe a você - Assumir culpas alheias é um fator de esgotamento emocional.

  • Permita-se reparar e também se perdoar - Como lembra Kristin Neff (2015), pesquisadora em autocompaixão, o perdão pessoal é um passo para sair do ciclo da culpa.


Culpa e responsabilidade podem nascer do mesmo lugar: um erro, uma palavra mal colocada, um silêncio que feriu.
Mas a forma como você escolhe olhar para isso muda o caminho.

A culpa prende, repete o peso, congela o gesto.
A responsabilidade, ao contrário, abre uma fresta – um convite para reparar, aprender, seguir.

Talvez você precise deixar a culpa descansar um pouco, para dar espaço à responsabilidade entrar.
Porque mudar não é apagar o que aconteceu, mas permitir que o que aconteceu abra espaço para algo novo dentro de você.

Te vejo no próximo post.

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Cansaço emocional não se resolve com sono: entenda a diferença entre exaustão física e mental

Você já acordou depois de uma noite inteira de sono e, mesmo assim, sentiu o peso do mundo nos ombros?
O corpo descansou, mas a mente… sempre pensando no dia de amanhã ou revisando o que aconteceu hoje. Esse é o sinal de que o problema pode ser um cansaço emocional — e não a simples falta de repouso.

Dormir ajuda a recuperar o corpo, mas não basta para restaurar o emocional. Porque o que nos esgota, muitas vezes, não é o que fazemos, mas o que carregamos por dentro.

Pessoa olhando pela janela ao amanhecer, expressão pensativa – conceito de cansaço emocional.

O que é cansaço emocional?

O cansaço emocional não aparece de repente. Ele é fruto de acúmulos invisíveis: preocupações guardadas, demandas que parecem não ter fim, expectativas alheias e até silêncios que pesam mais do que palavras.

É diferente do cansaço físico, porque não se trata apenas de músculos cansados, mas de uma mente sobrecarregada. É como tentar organizar uma casa sem nunca tirar o lixo — o espaço pode até parecer arrumado, mas a sujeira continua lá, escondida.

Sinais de que o cansaço vai além do físico

Nem sempre o cansaço emocional é óbvio. Mas ele dá sinais — pequenos, sutis, até que se tornam um grito.

  • Sensação de vazio ou desânimo, mesmo depois de descansar.

  • Irritabilidade ou choro fácil sem motivo aparente.

  • Dificuldade de concentração, como se a mente estivesse “aérea”.

  • Sensação de estar “funcionando no automático”.

Se você se identifica com vários desses sintomas, talvez o sono não seja o único descanso que está faltando.

Por que o sono não é suficiente?

O sono é essencial, mas não faz o trabalho emocional que você evita. Ele repõe a energia física, mas não resolve a bagunça que sentimentos não processados deixam.

É como carregar uma mochila pesada: dormir é como sentar por alguns minutos, mas continuar com o peso às costas. Só quando você abre a mochila, olha o que tem dentro e escolhe o que deixa é que o alívio real acontece.



Como começar a cuidar do seu emocional (sem pressa)

Não existe atalho — e não deveria existir. Mas há caminhos possíveis:

  • Reconheça o que sente. Dar nome às emoções tira parte do peso delas.

  • Crie pausas de verdade. Não é só largar o celular por 5 minutos; é respirar, meditar, escrever.

  • Converse com alguém de confiança. Amigo, familiar, terapeuta — quem possa escutar sem julgamento.

  • Reveja suas expectativas. Você não precisa “dar conta de tudo” o tempo todo.

    Cama arrumada com luz suave – contraste entre descanso físico e mental.

Dormir ajuda o corpo. Mas quem acalenta o que dói por dentro? Talvez você esteja tentando “aguentar firme” há muito tempo. Talvez tenha dito a si mesmo que só precisava descansar — e percebeu que o sono não levou embora o peso.

Não é fraqueza. É um pedido de cuidado. Cuidar do cansaço emocional não é sobre fazer mais, e sim sobre permitir-se sentir, pausar e reorganizar o que pesa.

Talvez você precise de silêncio, talvez de uma conversa, talvez de ajuda — e tudo bem.
O ponto não é resolver tudo agora, mas começar a olhar para si com a mesma atenção que oferece ao mundo.

Porque descanso de verdade não é apenas fechar os olhos, é abrir espaço dentro de si.

Te vejo no próximo post.

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Sacudindo a poeira: recomeços, autocuidado e escuta de si

Me sentindo enferrujada mas estamos aqui! 
Anos sem escrever, focada somente em seguir e cumprir todas as cobranças sociais impostas para nós e ditas como socialmente correta, Formar, arrumar um emprego, casar, ter filhos e assim sucessivamente.

Atualmente cheguei nos desafios que envolvem o Ter filhos, Todos os impactos que aparecem e sacrifícios e surpresas e amadurecimento... Tudo que acontece quando chegamos nessa parte.

Durante esse tempo e vivenciando meu processo para também lidar com as cobranças sociais, aprendi algumas coisas, mas a mais difícil e necessária foi a de ouvir e repetir a frase - Tenha paciência! -. Tudo que eu fazia requer paciência, comer, ver um filme, ler um livro, esperar alguém, esperar ter o dinheiro conta para comprar algo, esperar para poder comer um prato desejado, resolver alguma demanda no trabalho. Absolutamente tudo era necessário ter paciência, principalmente comigo mesma. E com o passar do tempo fui percebendo que eu estava, em alguns momentos ainda estou, bem impaciente e intolerante. 

Era meu cérebro em estado de ansiedade, somente urgência e preocupação pairavam em meus pensamentos. E com isso a necessidade de fazer as coisas correndo, além de querer resolver tudo, por ter a sensação de que "não daria tempo" ou então "não sei se vou dar conta". Isso me fez adquirir alguns cabelos brancos e vivendo sempre apressada, deixando de lado partes importantes e necessárias em nossa vida.

Acabava que com a preocupação de atender essas cobranças sociais, me esquecia da melhor parte, dos Detalhes, são eles que fazem a vida ter sentido, que fazem a diferença em nossa rotina e preenchem parte de nossos vazios. Como por exemplo, o prazer de tomar um banho após um dia de trabalho cheio, ou como o momento em que preparamos nosso café de manhã, dosagem de pó, temperatura da água. Detalhes que fazem os momentos serem únicos em nossa vida. Que muitas vezes, a preocupação de não ter tempo nos cega para tais sutilezas.



Sacodir a poeira para voltar a escrever, foi uma decisão que aconteceu quando decidi trocar de carreira, sair de uma empresa para começar algo meu, o Universo me mostrou uma pequena luz sobre um hábito de anos atrás, colocado debaixo do tapete. Esse blog inicialmente tinha o objetivo de ser uma ferramenta terapêutica em minha adolescência, para me ajudar a lidar com a Depressão e Transtorno de Ansiedade, foi tão bom para mim que rendeu vários textos, com várias temáticas que estou modificando e ajustando aos poucos!

Eu desabafava, falava sobre minha percepção de mundo e em como amadurecer era um processo um tanto complexo para mim. Com uma visão um pouco diferente, o direcionamento dos textos agora serão de experiências pontuais e temais mais específicos, pois penso que experiências podem ocorrer de forma semelhante com outras pessoas, então porque não compartilhar a minha e de alguma maneira mostrar para o outro que ele não está só.


Hoje vejo que toda essa movimentação foi necessária para chegar onde estou hoje. E se o Universo me trouxe essa luz novamente, acredito que seja um pequeno sinal de que sacodir a poeira era necessário, e escrever que tanto me deixava feliz em fazer não precisava ser deixado de lado. 

Nesse novo momento, um dos meus objetivos é escrever textos sobre experiências e aprendizados que tive e tenho, lidando com as adversidades e maravilhosidades que a vida proporciona. Escrever sobre percepções e falar um pouco mais sobre gostos e particularidades que com certeza, vocês também têm ! #risos

Te vejo no próximo post.

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Nº IV - Entre Sessões e Silêncios: Entre uma Neosa e uma verdade difícil

Nº IV

Já se passou uma semana desde a última sessão de terapia. 
Sobrecarga foi o tema conversado, e as consequências disso. Seria de trabalho? De decisões tomadas? De tentativas constante de manter tudo sob controle? Ou até de todas as opções anteriores.
Era uma sobrecarga de vida — de ser mulher, mãe, profissional, cuidadora de todos… e com imensa dificuldade de pedir socorro.

Refletiu sobre ... Quando tudo começou? Onde foi que se perdeu nesse caminho? Era um peso antigo, silencioso, ou algo recente, que chegou de mansinho e se instalou? Se deparou com uma verdade difícil: estava sobrecarregada por querer agradar demais aos outros — e esquecer de si. De mover montanhas para quem não subia uma ladeira por ela, e ainda ouvir que não precisava que ela fez porque quis. Como se o cansaço fosse escolha.

Estava sobrecarregada de carregar o orgulho, de precisar se defender de tudo — até do que fazia para se sentir viva, de achar que não dava conta porque alguém disse que seria difícil demais o fardo.
Decidiu aceitar a sobrecarga, das tarefas de casa, do cuidado com a filha e das demandas do trabalho, mas não mais aceitar as migalhas alheias. As que vinham de má vontade, e ainda assim pesavam mais do que todo o resto.

Decidiu fazer para si. Expectativas? -Tss- está aprendendo a não se prender a elas. E, principalmente, a não criá-las. Se abriu para isso tudo que é ser ela mesma, seja cansada e querendo ficar em silêncio, seja eufórica querendo falar sobre tudo que aconteceu no seu dia, seja na calmaria de um fim de dia, seja na agitação de uma segunda feira. Que não tem o controle de tudo, e tá tudo bem. Está aprendendo a tirar lições da experiência — seja ela passada, presente, ou futura.

O estresse virou uma dor de cabeça, que uma Neosa resolveu, e desde então coisas novas nasceram, possibilidades surgiram.

E ela decidiu: vai agarrá-las pelas barbas.

Grata por ler !

💋💋

A arte de se adaptar: Como a Inteligência Emocional nos ajuda a lidar com o inesperado

A vida não pede permissão para mudar e muito menos nos manda avisos. Ela se transforma exigindo que nos reinventemos a cada desafio. Planejamos, organizamos, traçamos rotas… e, de repente, tudo o que parecia certo fica fora de controle e trazendo o grande questionamento na mente - O que faço agora?-. Será que existe a possibilidade de lidar com essas mudanças sem perder o equilíbrio?

Por que resistimos às mudanças?

Diante da incerteza, nossa mente nos leva a resistir e até resistir. Queremos segurança, previsibilidade, amparo, um terreno sólido sob os pés. Afinal, o desconhecido assusta. Mas a verdade é que a vida não se curva a nossas vontade e necessidade de controle. Quanto mais tentamos lutar contra o fluxo das mudanças, mais nos desgastamos. Aprender a fluir nas ondas das emoções pode trazer resultados mais duradouros e assertivos.

A inteligência emocional como chave da adaptação

Inteligência emocional não significa evitar emoções difíceis, mas saber interpretá-las e usá-las a nosso favor. Quando algo foge do nosso controle, podemos reagir com frustração e medo ou podemos enxergar a situação como uma oportunidade de aprendizado. Quando aprendemos que a rigidez leva à ruptura, enquanto a flexibilidade permite o crescimento, compreendemos sobre nosso processo de amadurecimento.

Cada mudança inesperada é um convite para olhar para dentro. Nos oferece a oportunidade de se questionar - O que essa situação tem a me ensinar? De que forma posso me reinventar sem perder minha essência? - Essas perguntas transformam desafios em possibilidades, permitindo que enxerguemos além do problema imediato.

Adaptar-se é evoluir

Adaptar-se não é ceder, não é desistir, é compreender que a rigidez quebra, mas a fluidez transforma. Assim como a água contorna obstáculos sem perder sua natureza, precisamos aprender a flexibilizar nossas certezas para não nos tornarmos prisioneiros delas.

No fim das contas, não é a vida que precisa se moldar a nós, mas nós que precisamos aprender a dançar ao ritmo dela. A capacidade de adaptação é a ponte entre o sofrimento e a evolução. E quanto mais cedo compreendermos isso, mais leves e resilientes nos tornamos.


Até a próxima. Te vejo na terapia.


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Se adaptar às mudanças sem pirar: Dicas da TCC

A vida tá sempre mudando, e nem sempre essas mudanças vêm de forma tranquila. Se adaptar pode ser difícil e, muitas vezes, gera muita ansiedade. Mas dá pra aprender a lidar melhor com isso, acredite se quiser. Escolhi escrever hoje, sobre como a psicoterapia baseada na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pode te ajudar a encarar as mudanças sem tanto estresse. Mas primeiro...

O que é Adaptabilidade e Por que isso é importante?

Ser adaptável é basicamente conseguir lidar com novas situações, da melhor maneira dentro da sua possibilidade, sem sofrer tanto. Como o mundo tá sempre mudando, essa habilidade faz toda a diferença - que também tá junto com a resiliência mas aí é outro papo-. Se a gente tem dificuldade pra se adaptar, acabamos sentindo mais insegurança, estresse e ansiedade.

Ansiedade e Dificuldade de Mudança: Qual a Relação?

Sentir ansiedade quando algo muda é super normal. O problema é quando esse medo atrapalha sua vida. Alguns sinais de que a ansiedade tá pegando pesado:

  • Pensar no pior cenário sempre;

  • Medo de sair da zona de conforto;

  • Procrastinar mudanças importantes;

  • Ter sintomas físicos, como tensão muscular e insônia;

A boa notícia? A TCC tem ferramentas bem práticas pra te ajudar a reduzir a ansiedade e aumentar sua capacidade de adaptação.

Seguem as dicas:

A TCC mostra que nossos pensamentos influenciam como nos sentimos e agimos. Com algumas mudanças na forma de pensar, dá pra enfrentar as mudanças de um jeito mais tranquilo. Olha só:

1. Mudança de pensamento

A famosa reestruturação cognitiva te ajuda a transformar pensamentos negativos em algo mais realista. Por exemplo:

  • Pensamento inicial: "Não vou conseguir lidar com essa mudança."

  • Pensamento ajustado: "Vai ser um desafio, mas posso aprender a lidar."

2. Enfrente o Medo aos Poucos

Se esconder das mudanças só aumenta o medo. A ideia aqui é ir se expondo aos poucos, pra mostrar pro seu cérebro que você consegue lidar com isso.

3. Respira Fundo e Relaxa

Técnicas como mindfulness, relaxamento muscular progressivo e exercícios de respiração ajudam a manter a calma e a clareza para encarar as mudanças.

4. Planeje e Siga no seu ritmo

Quebrar grandes desafios em pequenas metas faz tudo parecer menos assustador. Cada pequena conquista te dá mais confiança pra seguir em frente.

5. Seja gentil com você mesmo

Mudanças não são fáceis e tá tudo bem não acertar de primeira. Se tratar com mais paciência e aceitação ajuda muito nesse processo. Quando perceber que está difícil abrace alguém por mais de 30 segundos, ou abrace um travesseiro pelo mesmo tempo e sinta o acolhimento.

Saber se adaptar é essencial pra ter uma vida mais leve, se a ansiedade tá te travando, buscar ajuda profissional pode ser um ótimo passo pra melhorar seu bem-estar.

Até a próxima. Te vejo na terapia.


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Nº III - Entre Sessões e Silêncios: O Encontro com a Vulnerabilidade

Nº III

Mais uma sessão de terapia, mais um questionamento que insiste em ecoar na mente, como se fosse um sussurro que nunca se cala. Uma conversa densa, tensa e profunda. Retrospectivas se desenrolaram como filmes antigos, ciclos finalmente foram entendidos e, assim, teve início o doloroso e libertador processo de encerrá-los. Quantas vezes esse cenário se repetiu? Quantas vezes a vida foi ressignificada, não apenas pelos aprendizados obtidos, mas pela coragem de mudar o modo de enxergá-la?

E então veio o questionamento. Simples, quase discreto, mas carregado de uma verdade crua. Fez tanto sentido que começou a enxergá-lo em seus pacientes. Decidiu testá-lo, como quem planta uma semente e aguarda. Os resultados foram surpreendentes.

É na vulnerabilidade que encontramos nosso pertencimento.

Mas como lidar com essa vulnerabilidade? Um questionamento assim não é apenas um ponto de reflexão; é uma jornada. Às vezes, dolorosa, pois exige encarar aquilo que escondemos até de nós mesmos. E não é que seja nossa escuridão, como muitos acreditam. Talvez seja algo ainda mais delicado: a voz abafada de uma criança interior, que machucada, só quer ser acolhida. Essa criança pede o toque de um olhar gentil, um gesto de empatia, um beijo simbólico para sarar feridas que insistem em latejar.

O que nos torna pertencentes quando nos mostramos vulneráveis? E o que nos faz vulneráveis ao tentar pertencer? Essas perguntas carregam uma profundidade quase inquietante. Elas nos obrigam a enfrentar nossas facetas, aquelas que construímos para mascarar nossos medos de rejeição e julgamento. São perguntas que pedem um mergulho corajoso nas águas mais escuras de nosso ser.

Olhar para isso é como descer ao próprio poço. É um movimento silencioso, introspectivo e, muitas vezes, solitário. Apenas quem se aventura sabe como é reconhecer cada detalhe daquele espaço interno: as rachaduras nas paredes, os ecos que se confundem com nossa própria voz. E o mais impressionante é perceber que, mesmo lá, naquele fundo aparentemente inóspito, existe vida. Existe pertencimento.

Subir novamente não é apenas um ato de superação, mas de escolha consciente. É a decisão de acolher aquela parte frágil, de integrá-la, de mostrar-lhe que há beleza mesmo naquilo que julgamos imperfeito. É ensinar a si mesmo que a vida não é feita apenas de paisagens iluminadas, mas também dos pequenos instantes de sombra que nos convidam a descansar, refletir e crescer. E assim seguimos, rolando pelo caminho, não com pressa de chegar, mas com a leveza de quem aprende a apreciar a jornada.

Grata por ler !

💋💋 

Nº II - Entre Sessões e Silêncios: Naquela quinta, ela tinha Terapia.

Nº II

A quinta-feira amanheceu nublada. Pela manhã, tempestades marcaram presença: algumas pessoas reclamavam por terem se molhado, enquanto outras agradeciam pela chuva. O trânsito estava mais lento, e, mesmo com o céu cinza, o calor nos lembrava que era apenas mais uma típica chuva de verão. À tarde, o sol apareceu, iluminando o dia com sua cor e luz, trazendo consigo um céu limpo e um azul vibrante. O clima renovou a energia das ruas: mais pessoas circulando, mais barulho, mais vida. Assim passou a quinta-feira, com suas Quintanices.

Naquela quinta, ela tinha terapia. Organizou seu dia, seguiu a rotina matinal, lavou roupas, reparou as demandas a serem faladas e decidiu levar um bolo para compartilhar na sessão. Ao chegar, seguiu o ritual de sempre: pegou um copo d’água, entregou o bolo, e, com tudo preparado, começou a conversa. Entre tantos pontos levantados, havia um que a inquietava há anos.

Refletiu profundamente sobre a origem daquela questão. Seria algo errado com ela ou do ambiente em que vivia, o que ela precisava aprender com aquilo. Difícil chegar em uma conclusão quando envolve algo antigo. E ainda sim, havia disponibilidade. Insistiu. Sentiu uma aperto no coração. E, finalmente, disse o que precisava. Mais do que isso, ouviu o que precisava. Foi como arrancar um curativo de uma ferida já cicatrizada, mas que ainda era tratada como aberta e grave.

Se sentiu aliviada, com a sensação de que uma janela havia sido fechada e uma nova porta se abriu — um novo caminho, um novo aprendizado. Foi difícil fechar a janela, ela que sempre foi um ponto de vista e um direcionamento, o apego era muito forte e o medo de abrir a porta maior ainda. Foi necessário fazer o que precisava ser feito, mesmo que ela não gostasse. E depois foi ela quem mais gostou dos resultados que vieram. 

Naquele dia, entendeu que o orgulho a fazia carregar responsabilidades e lutar batalhas que não eram suas. Compreendeu que, em algumas situações e com certas pessoas, o melhor é apenas aceitar. A mudança, afinal, não depende dela, mas exclusivamente do outro. Naquela quinta-feira, ela foi à terapia. Naquela quinta-feira, ela aprendeu sobre aceitação. Ela aprendeu mais um pouco sobre si.

Grata por ler !

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Um mundo fora do virtual, o Nosedive disfarçado

Nos últimos dias, tomei a decisão de reduzir ainda mais o tempo nas redes sociais. Esse pequeno ajuste me permitiu redirecionar a atenção para as atividades cotidianas e os pequenos detalhes que as acompanham. Com o passar do tempo, percebi mudanças significativas: minha ansiedade se tornou mais consciente, a desatenção começou a diminuir e minha percepção dos fatos ao redor se tornou mais aguçada.

O Efeito das Redes Sociais em Adultos

Embora os impactos negativos do uso excessivo de telas em crianças sejam amplamente discutidos, pouco se fala sobre os efeitos das redes sociais na saúde mental dos adultos. O uso prolongado influencia a rotina, os relacionamentos e até mesmo a interação social, muitas vezes nos colocando em uma posição de isolamento.

Esse isolamento não é apenas físico, mas também emocional. Ele nos leva a buscar incessantemente atenção, pertencimento e afeto no pequeno quadrado luminoso que carrega uma oferta infinita de dopamina. Essa armadilha digital nos impede de vivenciar plenamente a vida real, afastando-nos de interações genuínas e nos deixando vulneráveis a sentimentos de solidão e ansiedade.



Como Diminuir o Tempo nas Redes Sociais

Reduzir o tempo nas redes sociais é um passo essencial para reconectar-se com o momento presente e preservar a saúde mental. Aqui estão algumas práticas simples que podem ajudar:

  1. Estabeleça limites de uso: Utilize aplicativos de controle de tempo ou configure horários específicos para acessar redes sociais, alguns possuem essa possibilidade dentro deles mesmos.
  2. Crie momentos offline: Invista em hobbies, atividades ao ar livre ou até mesmo em momentos de pausa sem dispositivos.
  3. Exercite a atenção plena: Práticas como meditação, respiração consciente e registro de gratidão podem ajudar a focar no agora.
  4. Cultive conexões reais: Dedique tempo de qualidade a conversas presenciais, encontros com amigos e atividades em família.

Os Benefícios de Estar no Momento Presente

A vida real oferece sensações e experiências que não podem ser replicadas digitalmente. Ao reduzir o tempo nas redes sociais, você pode:

  • Redescobrir habilidades e talentos.
  • Melhorar a percepção do ambiente ao seu redor.
  • Fortalecer relacionamentos e conexões humanas genuínas.

                                         

Embora falar sobre os benefícios do momento presente seja comum, é crucial discutir como podemos nos manter nele. Esse desafio envolve escolhas diárias que podem transformar não apenas nossa percepção, mas também a forma como vivemos.

Reconectar-se com a vida real não significa abandonar a tecnologia, mas aprender a equilibrá-la. Como o episódio “Nosedive” de Black Mirror alerta, precisamos evitar que nossas vidas sejam regidas pela necessidade de aprovação virtual e cultivar a riqueza das experiências. É um convite para vivenciar plenamente o presente, cultivar interações significativas e redescobrir o que nos faz verdadeiramente humanos.


Como você pode cultivar mais momentos presentes em sua rotina hoje?


Até a próxima. Te vejo na terapia.


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Tomaram minha filha do meu colo, e agora?” — O que é respeitar uma criança?

Muitas mães e pais já passaram por isso. Talvez nem tenham percebido as consequências do ato, ou tenham sentido um aperto no coração, mas preferiram relevar. Trouxe esse exemplo hoje para conversarmos um pouco sobre o desrespeito infantil.

Em tempos em que repensamos o impacto do nosso comportamento e da mídia na infância, é urgente refletir: onde começa o desrespeito com a criança? Muitas vezes, ele é cultural, tão comum que passa despercebido. E me pergunto: será que a aceitação de relações tóxicas na vida adulta tem raízes em uma educação desrespeitosa?

                                                          Tomaram minha filha do meu colo, e agora?” — O que é respeitar uma criança?

Desde bebês, aprendemos regras sociais e comportamentos esperados. Meninos e meninas sentem o peso dos padrões impostos — como o ideal de masculinidade ou a cobrança sobre como uma menina deve se portar. Muitas vezes somos ensinados a calar sentimentos, a obedecer sem questionar, a “aceitar” porque é da família ou porque é mais velho.

Quem nunca ouviu na infância: “Isso é assunto de adulto”, “Você não entende ainda”? Essas frases, por mais comuns que pareçam, reforçam uma educação que invalida a criança como sujeito.

Quando lemos os Direitos das Crianças e Adolescentes, nos deparamos com itens básicos: alimentação, higiene, saúde... Coisas óbvias, mas que só estão ali porque ainda são negligenciadas. E o respeito também está entre esses direitos.

                                                               Tomaram minha filha do meu colo, e agora?” — O que é respeitar uma criança?

Muitas vezes, repetimos padrões sem perceber. Agimos no automático, porque foi assim conosco. E não estamos falando de permissividade, mas de respeito real: escutar, observar, validar, ensinar com empatia.

Sim, sei que esse é um tema polêmico. Ainda há quem defenda uma criação baseada no medo ou na obediência cega. Mas educar com respeito não é abrir mão dos limites. Pelo contrário: é justamente colocá-los de forma mais consciente.

Então... tomaram minha filha do meu colo. E agora?

Minha resposta pode parecer simples: tenha bom senso.

Observe o contexto:

  • Quem foi a pessoa?

  • A criança se sentiu segura ou desconfortável?

  • Foi algo pontual e carinhoso ou uma imposição desnecessária?

Se houve desconforto, pontue. Se necessário, converse com calma com quem agiu. E mais importante: converse com seu filho. Mostre que ele tem voz. Que pode (e deve) ser respeitado desde cedo.

                                                         Adulto acolhendo criança no colo com carinho e respeito em ambiente familiar

Mas então, posso deixar meu filho fazer tudo o que quer?

Claro que não. Respeitar uma criança não significa ausência de limites. Rotinas como escovar os dentes, tomar banho, se alimentar bem são inegociáveis. Mas se ela não quiser cumprimentar alguém, não quiser sair do seu colo ou preferir não conversar, está tudo bem. São escolhas sobre o próprio corpo e espaço.

Esse tema sempre gera reflexões profundas na terapia. O respeito que oferecemos hoje às crianças molda o tipo de amor e aceitação que elas vão esperar (e permitir) no futuro.

Você gostaria de ser tratado da mesma forma que trata uma criança?

Até a próxima. Te vejo na terapia.
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A vida como ela é (reflexão após assistir Soul)


Trecho do filme Soul com a personagem 22 observando a vida com simplicidade

Várias mudanças e evoluções surgem no nosso dia a dia — na tecnologia, nos conceitos sociais, nas tendências de moda, cores e estampas. Pequenas transformações que, se olharmos com atenção, causam impactos significativos.

Uma mudança que me chamou atenção — principalmente depois que a maternidade chegou — foi como os filmes infantis mudaram de temática. Hoje, vemos histórias que resgatam valores profundos e fazem nós, pais, refletirmos também. Entre vários lançamentos recentes, o que mais me marcou foi o filme Soul, da Disney Pixar.

Uma animação com trilha sonora envolvente, efeitos visuais delicados e uma narrativa sensível que nos convida a pensar:
Qual é o verdadeiro sentido da vida? Qual é a nossa missão?

Depois que assisti, senti que estava me perdendo na rotina e me esquecendo do essencial: ser grata e apreciar as pequenas coisas.
Como ouvir uma boa música com fone, brincar com minha filha após um dia corrido, sentir o aroma da comida no fogão... Coisas simples, mas que preenchem nossa alma.

                                                        A vida como ela é (reflexão após assistir Soul)

E não era só isso — eu também havia parado de reconhecer minhas próprias transformações. As conquistas pessoais e profissionais, os processos de amadurecimento e superação.

É comum ouvirmos frases como:
— “Ah, mas quando não tem filhos é fácil.”
— “Quando não é casado, é tranquilo.”
— “Quando tem dinheiro sobrando até eu!”

Mas, será?
As crianças — até uma certa idade — se divertem com uma tampinha, uma chave ou um papel colorido. São os adultos que ensinam que a felicidade está no ter, e não no ser. Imersos nas cobranças e na rotina, acabamos esquecendo de olhar com atenção para o presente e para a família que construímos.

E me peguei pensando:
A criança que eu fui teria orgulho do adulto que me tornei?

Essas mudanças sutis em filmes como Soul me tocaram profundamente. Há uma cena em que a alma 22 aprecia algo comum, corriqueiro. E ali percebi que eu também havia parado de me permitir ver a beleza nas pequenas experiências do dia a dia.

A transitoriedade é inevitável. E como diz o paradoxo da dicotomia, o que realmente importa é o caminho.

A vida acontece agora.

Até a próxima.
Te vejo na terapia. 💋

Oh Coração: um poema de despedida, saudade e amadurecimento

Esse é só mais um mergulho pelos mares da poesia e das rimas. Um texto escrito por mim em 24/07/2012 e repostado agora, com um novo olhar. Quantos anos, quanta coisa mudou. Relembrar esse desabafo é perceber como amadureci, como as dores antigas se tornaram aprendizado e lembrança.

Na época, eu vivia o luto do fim de um relacionamento longo. Estava com o coração machucado e sem saber como lidar com o que sentia. Hoje, olho para esse texto com carinho, e deixo aqui registrado esse trecho de uma fase tão intensa da minha vida:

"Oh, Coração, por que insistes em sofrer por alguém que só lhe machucou...?
Você vive distraído com outro amor, mas quando tens a oportunidade, se tortura com as ofensas que lhe foram feitas e com as lembranças de momentos eternos que tiveram fim.

Oh, Coração, por que me faz pensar de forma tão traiçoeira?
Quando começo a me sentir bem, você ressurge com sua ferida ainda recente, tentando fazê-la sangrar e reviver a dor...

Imploro aos céus que ajudem esse coração ferido,
Que ainda tenta esquecer as mágoas, mas insiste em revivê-las.

Oh, Coração, será que gostas de sentir tudo isso novamente?
Minha mente vaga no tempo, buscando brechas entre as memórias que me atacam,
Para não pensar, para não recordar um passado que não vale mais a pena.

Oh, Coração, só te peço uma folga.
Desabafe quando for preciso, mas não torture minha mente.
Tu até podes suportar esse sentimento,
Mas minha mente se desfaz quando atacada por tuas lembranças perfeitas —
De momentos sublimes de um amor que não deu certo, mas que insistes em manter vivo...

Razão, que guia minhas ações, me ajude a controlar esse coração desenfreado.
Esse coração que quer se entregar novamente,
Mas que insiste em manter, nem que seja uma faísca,
De uma paixão que quase não existe mais.

Razão, ajude esse coração a esquecer.
Ou pelo menos, a deixar de lembrar.
Ajude-o a se entregar como meu corpo deseja
E minha alma grita — desesperada de vontade.

Oh, Coração, por favor!
Te imploro: tenha piedade de minha alma desolada.
Tenha compaixão com minha mente.
E que sejas voraz quando enfim se entregar,
Para sentir o gosto sublime de pensar em si mesmo como um ser esplêndido."**

Sofrer por amor, por mais doloroso que seja, pode ser uma das experiências mais enriquecedoras da vida. Amar — e continuar capaz de amar, depois de tudo — é uma força linda de se ver.

E você? Já sofreu por amor alguma vez? Me conta nos comentários 🥰

Até a próxima. Te vejo na terapia.
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Raiva que te quero bem

O acolhimento e o reconhecimento da raiva são aspectos essenciais para a saúde emocional e mental. Vamos conversar um pouco sobre a importância de entender e lidar com a raiva de forma saudável, destacando os benefícios que essa prática pode trazer para o bem-estar geral.

Por que é importante acolher e reconhecer a raiva? A raiva é uma emoção natural e inevitável que todos experimentamos em algum momento na vida. No entanto, muitas pessoas tendem a reprimir ou ignorar essa emoção devido a preconceitos sociais, medo de confronto ou medo do julgamento. Isso pode levar a consequências negativas para a saúde mental, como estresse crônico, ansiedade e problemas nos relacionamentos. Ao acolher e reconhecer a raiva, permitimos a nós mesmos sentir e expressar essa emoção de maneira saudável, o que pode levar a uma melhor compreensão de nós mesmos e dos outros.

Benefícios do acolhimento da raiva:

  1. Autoconhecimento: Reconhecer a raiva pode oferecer insights valiosos sobre nossos sentimentos, necessidades e limites pessoais, nos ajudando a desenvolver uma maior consciência emocional e a tomar decisões mais conscientes em nossas vidas.
  2. Redução do estresse: Suprimir a raiva pode levar ao acúmulo de estresse e tensão emocional. Ao permitir-se sentir e expressar a raiva de maneira saudável, podemos liberar essa energia negativa e reduzir os níveis de estresse em nosso corpo e mente.
  3. Melhoria dos relacionamentos: A raiva reprimida pode causar ressentimento e conflito nos relacionamentos. Ao comunicar nossas preocupações e limites de maneira assertiva, podemos promover uma comunicação mais aberta e construtiva com os outros, fortalecendo os laços interpessoais.
  4. Empoderamento pessoal: Lidar com a raiva de forma construtiva nos dá um senso de controle sobre nossas emoções e comportamentos. Isso nos permite enfrentar desafios de maneira mais eficaz e tomar medidas para proteger nosso bem-estar emocional e saúde mental.
  5. Crescimento emocional: Enfrentar e superar a raiva pode ser uma oportunidade para o crescimento pessoal e o desenvolvimento emocional, pois ao aprender a lidar com a raiva de maneira saudável, podemos fortalecer nossa resiliência emocional e cultivar relacionamentos mais gratificantes e satisfatórios.


Como praticar o acolhimento da raiva:

  • Reconheça e valide seus sentimentos de raiva, sem julgamento.
  • Encontre maneiras saudáveis de expressar a raiva, como conversar com um amigo de confiança, praticar exercícios físicos ou escrever em um diário.
  • Desenvolva habilidades de comunicação assertiva para expressar suas preocupações e limites de maneira clara e respeitosa.
  • Pratique a auto-compaixão e o perdão, tanto para si mesmo quanto para os outros, como parte do processo de acolhimento da raiva.


Acolher e reconhecer a raiva pode ser difícil em muitos momentos - E tudo bem ! - isso também é uma parte essencial do autocuidado e da saúde emocional. Ao permitir-se sentir e expressar essa emoção de maneira saudável, você pode experimentar uma maior autoconsciência, redução do estresse e melhoria nos relacionamentos. Lembre-se de que é normal sentir raiva e que aprender a lidar com essa emoção pode trazer benefícios significativos para sua saúde mental e bem-estar geral.

Nem sempre é fácil, e muito menos simples, mas jamais será impossível.

Até a próxima. Te vejo na terapia.


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