Sobrecarga foi o tema conversado, e as consequências disso. Seria de trabalho? De decisões tomadas? De tentativas constante de manter tudo sob controle? Ou até de todas as opções anteriores.
E ela decidiu: vai agarrá-las pelas barbas.
As vezes a gente só precisa de um lugar para uma boa conversa e reflexões pertinentes.
E ela decidiu: vai agarrá-las pelas barbas.
Ontem, durante o atendimento de uma desenvolvida, conversamos sobre chegar aos 30 anos. Para alguns, isso representa um marco de maturidade. Para outros, um fardo silencioso.
Um simples par de números que muda anualmente, mas que traz consigo tantas descobertas — e receios.
No meio da conversa, surgiram frases como “estou ficando velha”, acompanhadas de ideias sobre pintar os cabelos ou fazer botox. Isso me fez refletir: como entendemos e lidamos com o envelhecer?
Por muito tempo, fomos ensinados que “envelhecer” é sinônimo de atraso, de decadência. Que manter-se jovem é estar atualizado, moderno. Misturamos imagem com idade. E esquecemos da maturidade, do conhecimento, da profundidade.
Se olharmos com calma, vemos jovens com pensamentos engessados e idosos com ideias surpreendentemente novas. Muitas empresas mundialmente conhecidas surgiram após os 40 — McDonald’s, Nestlé, Coca-Cola, IBM…
O desenvolvimento da mente não tem prazo de validade. E o pensamento fresco pode vir em qualquer fase da vida.
A cada década, novas pressões:
Aos 10, precisamos “deixar de ser criança”.
Aos 20, ter uma carreira em curso.
Aos 30, um trabalho estável e uma família.
Aos 40, maturidade.
Aos 50, sabedoria.
Aos 60, razão.
Aos 70+, viramos referência de “iluminados” — quase como um Buda da vida real.
É como se cada número trouxesse um novo pacote de exigências — sociais e internas.
Talvez o medo de envelhecer não esteja na idade em si, mas na pressão de não alcançar o que esperam de nós. E isso é exaustivo.
Ressignificar as limitações, aceitar o tempo e acolher as mudanças exige coragem — especialmente para quem ainda mantém sua “Gabriela interior” forte: “eu nasci assim, eu cresci assim...”
Envelhecer não é apenas sobre o corpo. É sobre tempo interno.
É sobre olhar pra dentro e ver tudo o que já mudou — com orgulho e leveza.
Observar nossas conquistas, acolher nossos erros, rir de algumas fases e se permitir viver outras. Isso também é autocuidado.
Nesse fim de semana, participei de um evento sobre empreendedorismo feminino. Durante uma atividade simples — encher um balão pensando no que mais me trava — algo começou a se movimentar dentro de mim.
Como toda boa paciente com tempo de terapia (😅), eu sabia o que estava colocando ali. Desenhei, escrevi, nomeei meu problema. Mas... não estourava o balão.
Enquanto outras mulheres estouravam seus balões logo nas primeiras palestras — e eu vibrava junto — percebi que meu processo era outro. Precisei de mais tempo, mais escuta, mais conexão.
Entre uma fala e outra, veio à tona algo importante: a necessidade de manter a mente em desenvolvimento contínuo. De me colocar no mundo, em sociedade, mesmo com minhas dificuldades de socialização. Sair da zona de conforto, falar, aparecer, me posicionar.
Heráclito já dizia: “Panta Rei” — tudo flui. E ali, eu flui.
Durante a segunda palestra da tarde, às 15h40, ouvi uma pergunta que me atravessou:
“Você vai enfrentar isso no auge da motivação ou no auge do desespero?”
Aquilo me pegou em cheio. Eu sabia o que precisava fazer. Eu precisava ressignificar meu medo.
Medo de ser julgada. Medo de falhar. Medo de ser rejeitada.
E, como falamos na última sessão de terapia, às vezes o medo está ligado a pessoas e contextos que precisaram ficar para trás — ou que eu precisei passar a ver com outros olhos.
O medo, nesse caso, não desaparece. Mas ele pode ser olhado, entendido e reorganizado.
Fazer o que precisa ser feito, mesmo que você não goste.
Na terapia, é possível identificar quais crenças limitantes se ativam, quais gatilhos surgem, quais tipos de obstáculos aparecem e como lidar com tudo isso.
Ressignificar algo exige coragem, maturidade e abertura de coração.
Aceitar que sentimos medo também é coragem.
Tudo bem se você ainda sente que não é a hora. Mas... vale a pena pensar sobre isso.
Te vejo na terapia!
🌿📝
No evento Empreendedora Imparável, que participei no dia 07/05, uma das palestrantes nos propôs uma tarefa diferente: perguntar a alguém (ou publicar nas redes sociais) quais três características vinham à mente quando pensavam em mim.
Confesso, foi desafiador. Bateu aquela ansiedade: e se vier algo negativo? Mas fui. Fiz. E me surpreendi!
Entre as muitas respostas, teve uma que se repetiu em quase todas: altruísta.
Achei curioso. Fiquei feliz, confesso. E comecei a refletir mais profundamente sobre isso.
Altruísmo é um termo bonito, mas também muito mal compreendido. Então vim aqui conversar um pouco sobre ele — como conceito, mas principalmente como vivência.
Segundo Oliner (2002), o altruísmo é um comportamento voluntário voltado a ajudar outra pessoa, mesmo que isso envolva custo ou risco pessoal, sem esperar recompensas externas. É um comportamento pró-social, como afirmam Eisenberg e colaboradores (1989, 1999). Com o tempo — e terapia — entendi que ser altruísta não é se anular, mas sim agir com intenção, escuta e equilíbrio. E que a bondade, quando mal interpretada, pode ser vista como intromissão. Mas não é. É potência.
Hoje em dia eu tenho mais cuidado. Observo se a pessoa realmente está aberta, se é o momento certo, se vale a pena. Mas nem sempre foi assim.
Antes de aprender a perguntar “você quer ajuda?”, eu ia logo agindo. E, como você pode imaginar, nem sempre fui bem recebida.
Fui podada. Fui mal interpretada. Fui chamada de exagerada.
Mas fui também amadurecendo. E entendi que ser boa não significa ser boba.
Com o tempo, aprendi que existem pessoas que só sabem receber, sem oferecer troca. Gente que julga, que distorce, que tenta apagar o brilho do outro. Mas também aprendi a identificar essas relações — e me afastar com paz.
Costumo dizer que a vida, o universo e Deus nos mandam sinais.
Basta ter maturidade para enxergar. E coragem pra aceitar o que se vê.
(Esses dois últimos são sempre os mais difíceis, né? risos)
Hoje eu também faço terapia. E digo isso com orgulho.
A mente precisa de cuidado como qualquer outra parte do nosso corpo.
A gente se preocupa com o coração quando come fritura, mas não se preocupa com o sono que não vem, com o cansaço emocional, com a exaustão invisível.
A terapia me ajuda a reorganizar. A ressignificar. A continuar sendo eu — inclusive nas partes que estou aprendendo a amar.
Nº II
A quinta-feira amanheceu nublada. Pela manhã, tempestades marcaram presença: algumas pessoas reclamavam por terem se molhado, enquanto outras agradeciam pela chuva. O trânsito estava mais lento, e, mesmo com o céu cinza, o calor nos lembrava que era apenas mais uma típica chuva de verão. À tarde, o sol apareceu, iluminando o dia com sua cor e luz, trazendo consigo um céu limpo e um azul vibrante. O clima renovou a energia das ruas: mais pessoas circulando, mais barulho, mais vida. Assim passou a quinta-feira, com suas Quintanices.
Naquela quinta, ela tinha terapia. Organizou seu dia, seguiu a rotina matinal, lavou roupas, reparou as demandas a serem faladas e decidiu levar um bolo para compartilhar na sessão. Ao chegar, seguiu o ritual de sempre: pegou um copo d’água, entregou o bolo, e, com tudo preparado, começou a conversa. Entre tantos pontos levantados, havia um que a inquietava há anos.
Refletiu profundamente sobre a origem daquela questão. Seria algo errado com ela ou do ambiente em que vivia, o que ela precisava aprender com aquilo. Difícil chegar em uma conclusão quando envolve algo antigo. E ainda sim, havia disponibilidade. Insistiu. Sentiu uma aperto no coração. E, finalmente, disse o que precisava. Mais do que isso, ouviu o que precisava. Foi como arrancar um curativo de uma ferida já cicatrizada, mas que ainda era tratada como aberta e grave.
Se sentiu aliviada, com a sensação de que uma janela havia sido fechada e uma nova porta se abriu — um novo caminho, um novo aprendizado. Foi difícil fechar a janela, ela que sempre foi um ponto de vista e um direcionamento, o apego era muito forte e o medo de abrir a porta maior ainda. Foi necessário fazer o que precisava ser feito, mesmo que ela não gostasse. E depois foi ela quem mais gostou dos resultados que vieram.
Naquele dia, entendeu que o orgulho a fazia carregar responsabilidades e lutar batalhas que não eram suas. Compreendeu que, em algumas situações e com certas pessoas, o melhor é apenas aceitar. A mudança, afinal, não depende dela, mas exclusivamente do outro. Naquela quinta-feira, ela foi à terapia. Naquela quinta-feira, ela aprendeu sobre aceitação. Ela aprendeu mais um pouco sobre si.
Nos últimos dias, tomei a decisão de reduzir ainda mais o tempo nas redes sociais. Esse pequeno ajuste me permitiu redirecionar a atenção para as atividades cotidianas e os pequenos detalhes que as acompanham. Com o passar do tempo, percebi mudanças significativas: minha ansiedade se tornou mais consciente, a desatenção começou a diminuir e minha percepção dos fatos ao redor se tornou mais aguçada.
Embora os impactos negativos do uso excessivo de telas em crianças sejam amplamente discutidos, pouco se fala sobre os efeitos das redes sociais na saúde mental dos adultos. O uso prolongado influencia a rotina, os relacionamentos e até mesmo a interação social, muitas vezes nos colocando em uma posição de isolamento.
Esse isolamento não é apenas físico, mas também emocional. Ele nos leva a buscar incessantemente atenção, pertencimento e afeto no pequeno quadrado luminoso que carrega uma oferta infinita de dopamina. Essa armadilha digital nos impede de vivenciar plenamente a vida real, afastando-nos de interações genuínas e nos deixando vulneráveis a sentimentos de solidão e ansiedade.
Reduzir o tempo nas redes sociais é um passo essencial para reconectar-se com o momento presente e preservar a saúde mental. Aqui estão algumas práticas simples que podem ajudar:
A vida real oferece sensações e experiências que não podem ser replicadas digitalmente. Ao reduzir o tempo nas redes sociais, você pode:
Embora falar sobre os benefícios do momento presente seja comum, é crucial discutir como podemos nos manter nele. Esse desafio envolve escolhas diárias que podem transformar não apenas nossa percepção, mas também a forma como vivemos.
Reconectar-se com a vida real não significa abandonar a tecnologia, mas aprender a equilibrá-la. Como o episódio “Nosedive” de Black Mirror alerta, precisamos evitar que nossas vidas sejam regidas pela necessidade de aprovação virtual e cultivar a riqueza das experiências. É um convite para vivenciar plenamente o presente, cultivar interações significativas e redescobrir o que nos faz verdadeiramente humanos.
Como você pode cultivar mais momentos presentes em sua rotina hoje?
Em tempos em que repensamos o impacto do nosso comportamento e da mídia na infância, é urgente refletir: onde começa o desrespeito com a criança? Muitas vezes, ele é cultural, tão comum que passa despercebido. E me pergunto: será que a aceitação de relações tóxicas na vida adulta tem raízes em uma educação desrespeitosa?
Desde bebês, aprendemos regras sociais e comportamentos esperados. Meninos e meninas sentem o peso dos padrões impostos — como o ideal de masculinidade ou a cobrança sobre como uma menina deve se portar. Muitas vezes somos ensinados a calar sentimentos, a obedecer sem questionar, a “aceitar” porque é da família ou porque é mais velho.
Quem nunca ouviu na infância: “Isso é assunto de adulto”, “Você não entende ainda”? Essas frases, por mais comuns que pareçam, reforçam uma educação que invalida a criança como sujeito.
Quando lemos os Direitos das Crianças e Adolescentes, nos deparamos com itens básicos: alimentação, higiene, saúde... Coisas óbvias, mas que só estão ali porque ainda são negligenciadas. E o respeito também está entre esses direitos.
Muitas vezes, repetimos padrões sem perceber. Agimos no automático, porque foi assim conosco. E não estamos falando de permissividade, mas de respeito real: escutar, observar, validar, ensinar com empatia.
Sim, sei que esse é um tema polêmico. Ainda há quem defenda uma criação baseada no medo ou na obediência cega. Mas educar com respeito não é abrir mão dos limites. Pelo contrário: é justamente colocá-los de forma mais consciente.
Minha resposta pode parecer simples: tenha bom senso.
Observe o contexto:
Quem foi a pessoa?
A criança se sentiu segura ou desconfortável?
Foi algo pontual e carinhoso ou uma imposição desnecessária?
Se houve desconforto, pontue. Se necessário, converse com calma com quem agiu. E mais importante: converse com seu filho. Mostre que ele tem voz. Que pode (e deve) ser respeitado desde cedo.
Claro que não. Respeitar uma criança não significa ausência de limites. Rotinas como escovar os dentes, tomar banho, se alimentar bem são inegociáveis. Mas se ela não quiser cumprimentar alguém, não quiser sair do seu colo ou preferir não conversar, está tudo bem. São escolhas sobre o próprio corpo e espaço.
Esse tema sempre gera reflexões profundas na terapia. O respeito que oferecemos hoje às crianças molda o tipo de amor e aceitação que elas vão esperar (e permitir) no futuro.
Você gostaria de ser tratado da mesma forma que trata uma criança?
Até a próxima. Te vejo na terapia.
💋💋
Várias mudanças e evoluções surgem no nosso dia a dia — na tecnologia, nos conceitos sociais, nas tendências de moda, cores e estampas. Pequenas transformações que, se olharmos com atenção, causam impactos significativos.
Uma mudança que me chamou atenção — principalmente depois que a maternidade chegou — foi como os filmes infantis mudaram de temática. Hoje, vemos histórias que resgatam valores profundos e fazem nós, pais, refletirmos também. Entre vários lançamentos recentes, o que mais me marcou foi o filme Soul, da Disney Pixar.
Uma animação com trilha sonora envolvente, efeitos visuais delicados e uma narrativa sensível que nos convida a pensar:
Qual é o verdadeiro sentido da vida? Qual é a nossa missão?
Depois que assisti, senti que estava me perdendo na rotina e me esquecendo do essencial: ser grata e apreciar as pequenas coisas.
Como ouvir uma boa música com fone, brincar com minha filha após um dia corrido, sentir o aroma da comida no fogão... Coisas simples, mas que preenchem nossa alma.
E não era só isso — eu também havia parado de reconhecer minhas próprias transformações. As conquistas pessoais e profissionais, os processos de amadurecimento e superação.
É comum ouvirmos frases como:
— “Ah, mas quando não tem filhos é fácil.”
— “Quando não é casado, é tranquilo.”
— “Quando tem dinheiro sobrando até eu!”
Mas, será?
As crianças — até uma certa idade — se divertem com uma tampinha, uma chave ou um papel colorido. São os adultos que ensinam que a felicidade está no ter, e não no ser. Imersos nas cobranças e na rotina, acabamos esquecendo de olhar com atenção para o presente e para a família que construímos.
E me peguei pensando:
A criança que eu fui teria orgulho do adulto que me tornei?
Essas mudanças sutis em filmes como Soul me tocaram profundamente. Há uma cena em que a alma 22 aprecia algo comum, corriqueiro. E ali percebi que eu também havia parado de me permitir ver a beleza nas pequenas experiências do dia a dia.
A transitoriedade é inevitável. E como diz o paradoxo da dicotomia, o que realmente importa é o caminho.
A vida acontece agora.
Até a próxima.
Te vejo na terapia. 💋
Às vezes nos sentimos tristes, angustiados ou com aquele aperto no peito quando algo chega ao fim — seja um objeto material ou uma relação. Por exemplo, quando mudamos de emprego e sentimos falta do anterior, mesmo tendo feito uma boa escolha. Esses momentos também fazem parte do luto.
Na psicologia, o luto é considerado um processo, não um ponto fixo. Não há uma definição única que explique completamente esse estado emocional. Em várias das minhas leituras, especialmente dentro da abordagem Freudiana, um conceito que me marcou foi o da Transitoriedade. Para Freud, esse seria o ponto final do luto — quando conseguimos reconhecer que é possível e necessário nos abrirmos para novas experiências e afetos.
A transitoriedade está ligada à capacidade de contemplar e agradecer. Quando estamos em paz conosco, conseguimos olhar para o que passou com gratidão, sem culpa. E essa maturidade emocional transforma a dor da perda em um reconhecimento: foi bom enquanto durou.
Um exemplo claro seria a morte de alguém querido. Por mais dolorosa que seja, com o tempo e acolhimento, é possível lembrar dessa pessoa com carinho, focando nos aprendizados, nas risadas, nas experiências vividas. Isso é maturidade emocional — e também é acolhimento do processo de luto.
Mas não é fácil chegar nesse ponto. É um caminho que exige disponibilidade para refletir, aceitar e enfrentar. Muitas vezes, sentimos medo ao dar esses passos. E está tudo bem sentir medo. O importante é se permitir passar por esse enfrentamento com gentileza.
Com o tempo, entendi que a transitoriedade também carrega aquele ditado conhecido: “a gente só dá valor depois que perde”. É depois de viver um luto — de qualquer tipo — que percebemos como tudo é passageiro. E justamente por isso, precisamos valorizar o agora, amar mais, viver com mais intenção e ser gratos pelas pequenas coisas.
Mudanças fazem parte da vida. E os lutos, por mais dolorosos, também são portas para aprendizados e recomeços. 🌿
Até a próxima.
Te vejo na terapia. 💋💋
Depois que escolhi passar pelo processo da maternidade e de me reconhecer como uma nova mulher, uma coisa que mudou de forma radical — e que ainda estou elaborando — foi a minha constância. Sempre fui o tipo de pessoa que buscava manter a rotina em dia e as atividades em ordem de prioridade. Acredito que isso se relaciona com a minha necessidade de controle, que me fazia sentir mais confortável diante das situações. Lidar com essa mudança também trouxe sentimentos que se assemelham ao luto.
A rotina de um bebê é, em muitos momentos, regrada: horários para se alimentar, trocar fraldas, brincar, dormir... E ainda surgem novas demandas com o desenvolvimento, como vigiar riscos pela casa, objetos perigosos ou pequenos, e outras situações típicas de cada fase. Além disso, há os dias em que adoecem e querem apenas colo.
Conciliar a nossa rotina com a rotina do bebê exige abrir mão de algumas prioridades pessoais para atender às necessidades dele. Afinal, ele ainda não tem autonomia para fazer muitas coisas sozinho, como comer ou se vestir. Essa conciliação afeta diretamente a constância: mantemos disciplina com a rotina do bebê, mas esquecemos da nossa como mulheres.
E pensa… Para quem sempre teve uma rotina organizada, mudar as prioridades foi desafiador. A cobrança externa continua vindo, e com ela cresce também a autocobrança. Adaptar-se a isso virou um exercício contínuo de honestidade comigo mesma — e de enfrentamento da ansiedade.
Sim, enfrentamento de ansiedade. Quando entramos nesse ciclo, tendemos a evitar situações que a disparam. Podemos procrastinar ou até paralisar, e isso impacta todas as áreas da vida. E quando trazemos isso à consciência, vêm as perguntas: “Por que tenho que ser assim?” ou “Onde eu estava com a cabeça para agir assim?”.E o que mais acontece? Programo meu dia com base no anterior, mas minha filha acorda com uma nova demanda. Aí não consigo fazer o que planejei, me cobro, ouço cobranças, e vem a ansiedade. Me sinto frustrada por “falhar” no plano e, para não sentir isso de novo, evito repetir as tentativas. Cansaço e frustração somam forças. Acredito que muitos cuidadores diretos de bebês passem por isso.
Lidar com tudo isso é exaustivo. E há dias em que não damos conta — e tudo bem! Seja eu, ou qualquer outra mãe e pai passando por isso: tudo bem precisar parar e descansar. Somos humanos. Adaptar nossa constância à nova rotina é desafiador, mas não impossível. Gestão de tempo e produtividade também precisam de energia para acontecer.
Lembremos de dar o nosso melhor dentro da nossa realidade, usar nossos talentos a nosso favor e viver no presente. A vida é um presente. O passado é uma foto, e o futuro… a Deus pertence.
Até a próxima. Te vejo na terapia.
💋💋
Momentos assim são importantes: eles nos desafiam a sair da zona de conforto e nos convidam a exercitar valores como persistência, tolerância e resiliência.
Pensando nisso, me vem à mente um conto budista que sempre me faz refletir. É o conto dos Dois Monges e uma Mulher — e vale a leitura com carinho:
Dois monges, muito amigos, sempre cumpriam seus afazeres juntos. Seguiam com fidelidade os mandamentos da religião, e entre eles havia um que dizia: não tocar em mulheres.
Certo dia, atravessando a floresta para ir até o vilarejo comprar mantimentos, encontraram uma mulher prestes a se afogar ao tentar cruzar um rio.
Um dos monges disse:
– Não podemos ajudá-la. Fizemos o voto de não tocar em mulher nenhuma.
O outro respondeu:
– Também fizemos o voto de ajudar todas as pessoas e criaturas deste mundo, sem distinção.
Sem pensar duas vezes, ele pulou no rio, colocou a mulher nas costas e a levou até a outra margem.
Seguiram então o caminho em silêncio. O monge que ajudou estava sereno. O outro, carrancudo.
Horas depois, o que não ajudou desabafou:
– Você não deveria tê-la carregado! Isso foi um erro. Ela será um peso para sua caminhada...
E o outro respondeu, com calma:
– Eu deixei a mulher na margem do rio. Quem ainda a está carregando é você.
Esse conto me toca profundamente.
Quantas vezes na vida a gente carrega fardos que já poderiam ter sido deixados para trás?
Quantas vezes nos prendemos a obstáculos ou situações que já passaram — ou que nem partem diretamente de nós — e isso nos trava, nos desgasta, nos impede de avançar?
Nos apegamos ao orgulho, à mágoa, à culpa, e sem perceber alimentamos um mal-estar desnecessário. Isso se reflete em nossas relações, no trabalho, e até na saúde física e emocional.
Obstáculos existem, sim. Mas às vezes, a dor não está mais no fato em si — está na forma como a gente continua carregando ele.
🌿✨
Até a próxima.
Te vejo na terapia.
Tem dias em que acordamos com vontade de ouvir música, mas não conseguimos encontrar o estilo, a letra ou a melodia que combinem com o que queremos dizer para nós mesmos — ou com a vibe que estamos sentindo. A música tem um poder de influência enorme sobre nós e sobre nossas atividades cerebrais. Pode despertar sentimentos, ativar memórias e nos fazer lembrar de acontecimentos marcantes da vida.
Ela também pode ser uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento de habilidades sociais, funções cognitivas e até para melhorar a qualidade de vida. Tanto que já é utilizada por profissionais que trabalham com musicoterapia, agregando ainda mais valor ao processo terapêutico.
Há melodias que nos fazem refletir sobre a vida, sobre como algumas pessoas nos surpreendem — não necessariamente de forma boa ou ruim, mas pela profundidade da sua subjetividade. Às vezes, quem menos imaginamos é quem mais nos compreende. E também há aquelas músicas que nos acolhem quando o coração aperta e a alma pede colo.
Quanto aos acontecimentos da vida, podem vir em forma de surpresas — boas ou difíceis. Um resultado que não esperávamos, uma decepção, um sonho conquistado com coragem, ou até a visita a um lugar idealizado que era completamente diferente do que imaginávamos. E tudo bem. Que bom que vivemos isso! Que bom que estivemos presentes para aprender com cada etapa.
Algumas letras de músicas parecem conversar diretamente com a gente. Dizem exatamente o que precisamos ouvir, mostram uma saída ou simplesmente nos fazem entrar no clima. Sabe aquele dia que bate uma bad e a gente coloca aquela música mais melancólica que parece ter sido feita pra gente? Quase como uma cena de filme em que o personagem principal passa por uma desilusão ou percebe que cometeu um erro… Ou então, quando uma música nos transporta para um momento feliz que queremos reviver para sempre.
Pensando nisso, resolvi compartilhar uma playlist pessoal do Spotify — músicas que costumo ouvir quando estou escrevendo ou refletindo. Elas me ajudam a elaborar emoções, processar situações e, às vezes, só lembrar de momentos únicos. Se você se identificar com alguma, que bom! Isso significa que estamos conectados por sentimentos em comum.
Quando toca o coração e faz a gente parar para pensar... virou música para os nossos ouvidos. 🎧
❤♪♫♩♫♭♪♯♬♮♫♩♫♭♪♯♬♮♬♪♫ ❤
Até a próxima. Te vejo na terapia.
💋💋
O amor tem nome, tamanho, cheiro, som e cor...
Tem o nome da pessoa que fica constantemente em nossos pensamentos.
Tem o tamanho — não só da sua altura — mas da intensidade com que o sentimos.
Tem o cheiro do perfume preferido que o outro usa,
o som da voz que mais desejamos ouvir
e a cor dos olhos, cabelos, pele...
Quando estamos amando, tudo fica mais vivo.
Mais colorido. Mais cheiroso. Mais sonoro. Mais alegre.
Ficamos bobos só de olhar uma foto.
Lembramos do momento em que ela foi tirada, sorrimos sozinhos...
Fazemos de tudo para que cada encontro, cada telefonema, cada mensagem, seja perfeito.
E mesmo os gestos simples — uma brincadeira, um carinho —
se tornam eternos na nossa memória, capazes de sobrepor tristezas antigas.
Estar com alguém, seja namorando ou casado, vai muito além de uma “figura de amor”.
A convivência, as pequenas diferenças, os momentos difíceis...
Tudo isso é amor também.
Assim como o amor da família, que às vezes é silencioso,
mas está ali — firme — quando nos sentimos sozinhos.
Mas nem sempre o amor é leve.
O amor também pode ser cruel, quando não é correspondido.
Ele faz doer o peito e o corpo de formas que nem imaginávamos.
E, ainda assim, é restaurador:
porque podemos amar de novo, e de novo...
e transformar o nosso mundo no paraíso.
Quem ama não mede esforços.
Não espera nada em troca.
É generoso. É manhoso. É bobo.
Bobo no melhor dos sentidos:
vive o presente com intensidade,
se doa sem reservas,
e quer, o tempo todo, estar nos braços de quem ama.
Existem muitas formas de dizer “eu te amo”.
E, para mim, a mais verdadeira nem sempre é falada.
Ela acontece no olhar.
Quando os olhos brilham só de ouvir o nome do outro...
ali está o amor.
Amar também é sentir ciúmes,
brigar por uma ligação que não veio,
e resolver tudo com um beijo.
É ouvir aquela música e lembrar dos melhores momentos.
É ver aquele filme e imaginar a pessoa amada ao seu lado.
É sentir saudade, borboletas no estômago, mãos suadas e joelhos trêmulos. #risos
Vivemos à mercê do amor.
Então, não tenha medo de se apaixonar.
Não tenha medo de sofrer.
A vida é cheia de obstáculos —
mas quem ama de verdade, encontra força para vencer todos eles.
Até a próxima. Te vejo na terapia. 🌿
Esses dias, mexendo nas minhas playlists do Spotify, percebi como meu gosto musical é eclético e varia bastante de acordo com meu humor e estado de espírito. Rolando a tela para ver músicas de playlists antigas, encontrei uma canção que me transportou diretamente para a adolescência, quando a gente começa a descobrir o universo dos relacionamentos e seus altos e baixos. A música é “De todos os loucos do mundo eu quis você”, da Clarice Falcão.
Ela me fez pensar em como é curioso nosso coração — e como é difícil controlá-lo. Quando ele escolhe alguém, simplesmente escolhe. E não é só o coração: nosso corpo também sente, no toque, no cheiro, no olhar, na conversa, na energia. Mesmo que a razão tente nos alertar sobre as consequências, quando sentimos que é real, vamos com tudo — cada um à sua maneira, com sua intensidade e subjetividade.
Mas essa música não fala só sobre “eu te escolher”, e sim também sobre “você me escolher”. Relacionamentos são vias de mão dupla. São feitos de entrega, escuta e troca. Todos erramos, todos tentamos acertar, e por mais clichê que pareça, o ditado ainda é verdadeiro: “quando um não quer, dois não brigam”.
Vivemos tempos líquidos, como já dizia Bauman. Os relacionamentos estão cada vez mais frágeis, moldados por ganhos e perdas imediatas. Intimidade e convivência passaram a ser vistas como difíceis demais. Criamos relações de bolso: simples, rápidas, descartáveis. Mas relacionamento verdadeiro é o “eu e você” construindo um “nós”.
Amar, hoje em dia, pode ser tão assustador quanto qualquer outra incerteza. Porque, mesmo com anos ao lado de alguém, nunca temos certeza de tudo — e tudo bem. Estar em um relacionamento é estar disposto a conviver com dúvidas, aprendizados e reconstruções constantes.
O fracasso de muitos relacionamentos está, quase sempre, na comunicação. A dificuldade em assumir responsabilidades, a resistência em pedir ajuda, o medo de parecer frágil... Tudo isso vai criando barreiras. Talvez, se conseguíssemos conversar mais, com mais honestidade e empatia, as convivências fossem mais leves e duradouras.
Nem sempre é possível continuar. Às vezes, a ruptura é o melhor caminho para preservar a saúde emocional. E tudo bem também. Mas é importante reconhecer que, sim, existem relações possíveis, maduras, respeitosas — que exigem esforço, mas que também valem a pena.
Terapia ajuda muito a compreender tudo isso. Eu que o diga!
Até a próxima. Te vejo na terapia.
💋💋
Para chegar no tema do post anterior — o adulto saudável — eu fiz uma atividade terapêutica que me marcou profundamente.
A proposta era simples, mas tocante:
“O que a Carol de hoje diria para a Mini Carol se a encontrasse agora?”
Escrevi uma carta.
Chamei essa criança de Mini Carol.
E o que parecia um exercício leve, acabou se tornando uma jornada de reconexão, compreensão e lágrimas.
No decorrer da carta, me emocionei muito.
Vieram memórias de mágoas, tristezas e obstáculos…
Mas também de alegrias, conquistas, afeto.
Tudo isso me fez perceber o quanto amadureci.
O quanto desenvolvi resiliência, paciência e autocompaixão.
E o quanto isso me ajudou a ser uma mulher mais consciente, especialmente na maternidade.
O nascimento da minha filha me fez encarar um abismo.
O medo, a ansiedade, a culpa e as inseguranças vieram com força — não só por conta da nova rotina, mas pelas transformações físicas, emocionais e pelos traumas de infância que voltaram à tona.
Foi na terapia que comecei a ver esse processo com mais clareza.
Aos poucos, fui entendendo: eu estava amadurecendo.
E esse amadurecimento foi moldado por olhar para a minha criança interior e acolhê-la.
Na carta para a Mini Carol, repeti muitas vezes:
“Confie em si mesma e no seu processo.”
Disse que ela se magoaria com pessoas queridas, mas que isso a ensinaria sobre o que não gostaria de se tornar.
E que, mesmo com dificuldades, ela aprenderia a se cuidar com mais amor e consciência.
Olhar para nossa criança interior é um gesto de coragem.
É quando aceitamos que agora somos os adultos que podem oferecer proteção, clareza e afeto àquela versão pequena de nós.
Quando fazemos isso, desfazemos nós antigos, curamos partes feridas e passamos a ver a vida com mais leveza.
No próximo post, quero falar sobre uma música que tocou profundamente nesse processo:
“Birds” — Imagine Dragons.
Até lá…
Te vejo na terapia. 🌱
Durante uma sessão de terapia, surgiu a pergunta:
“O que é ser um adulto saudável?”
Durante a gestação, estudei bastante sobre parentalidade e disciplina positiva, e essa expressão — “adulto saudável” — apareceu várias vezes.
Mas confesso que só mais recentemente comecei a entender o que ela realmente significa.
Se você pesquisar “saudável” na internet, provavelmente vai encontrar textos sobre alimentação, corpo e exercícios. Mas ser saudável também diz respeito à mente, emoções, espiritualidade, relações e comportamentos.
E ser um adulto saudável é uma consequência do autoconhecimento, do amadurecimento e da capacidade de se perceber.
Mas como saber se a gente está mesmo se tornando um?
A maternidade me trouxe muitos presentes — e também muitos espelhos.
Com o nascimento da Olívia, me deparei com traumas e dificuldades que ainda estavam guardados: desorganização, controle, planejamento, reações intensas.
Foi na terapia que comecei a entender melhor meus comportamentos, reconhecer padrões e parar de agir no automático. Passei a perceber meus gatilhos antes que eles me gerassem sofrimento.
Um dos pontos mais fortes que emergiram foi a necessidade de controle.
Querer saber tudo, entender tudo, participar de tudo.
Quase como se tudo que acontecia ao redor estivesse, de alguma forma, relacionado a mim.
Mas não está. Nem tudo diz respeito a mim. E tudo bem por isso.
Foi difícil. Doeu. Mas foi libertador.
Quando entendi a origem dessa necessidade, consegui começar a me perdoar.
Passei a identificar quando o sentimento vinha da ansiedade, e não de uma ameaça real.
Hoje, quando me sinto irritada ou frustrada, paro e me pergunto:
Isso tem fundamento?
É a ansiedade falando?
Faz sentido sustentar esse pensamento?
E se precisar, pergunto para quem está envolvido. Isso muda tudo.
Esse é um exemplo de como o adulto saudável aparece em mim.
A parte que entende o comportamento, aceita o processo e escolhe com mais clareza.
A maturidade tem muito a ver com isso:
Fazer o que precisa ser feito, sem se alienar no modo automático.
E se tem uma pergunta que ajuda nesse processo é:
“Por que fazemos o que fazemos?”
Mas essa conversa… fica para um próximo post.
(Com dica de leitura: Mário Sérgio Cortella fala sobre isso com maestria.)
Até a próxima. Te vejo na terapia. 🌱
De janeiro piscamos e já estamos quase no meio do ano...
O verão passou, e o inverno já dá seus sinais.
Vida.
Expectativas.
Esperança.
Enfrentamentos.
E várias coisas que nos desafiam a renovar e redescobrir.
Mesmo sabendo que algumas coisas vão continuar na mesma, ainda temos a esperança de que tudo vai melhorar. Que algo vai mudar. Que viveremos de uma forma diferente. E é aí que percebemos: nem tudo depende só de nós.
Isso tudo pode acontecer — se fizermos acontecer.
E se os envolvidos estiverem dispostos a fazer acontecer também.
Nesse fim/início de ano, muitas coisas passaram pela minha cabeça…
Pensei sobre como temos a capacidade de resolver os problemas de forma mais branda, desde que a gente realmente queira e tenha coragem de enfrentar nossos medos.
Pensei sobre como precisamos aprender a agradecer mais, a viver com mais leveza, com mais desapego.
Pensei sobre quanto tempo se perde com o passado... Incluindo o meu.
Passou. Serviu para ensinar. Quem não entende isso, vive repetindo padrões e jogando a culpa no outro — quando, na verdade, a responsabilidade é interna.
“Transitoriedade” foi a palavra que mais me veio.
Tudo passa. As fases, as certezas, as pessoas.
E mesmo sabendo o final da história, não precisamos viver como se ela não valesse a pena.
Muitos planos surgiram — e a necessidade de executá-los também.
A rotina muda toda semana. Os conceitos se ressignificam.
E nada melhor do que terapia e uma boa música pra ajudar a segurar a onda.
Quem já estudou música sabe: a gente sente quando uma canção conversa com a gente. Seja qual for o estilo, a verdade vibra.
Esse tem sido um ano de:
Enfrentamentos e redescobertas
Empatia e autocompaixão
Lidar com obstáculos sem me agredir
Aprender a entender o outro sem absorver tudo como culpa minha
Respeitar meus próprios limites
Comecei me readaptando ao trabalho pós-maternidade — e como é difícil voltar ao ritmo!
Livros pela metade, estudos esperando… Estratégias de gestão de tempo ainda em construção (eu espero! #risos)
Hoje me senti pensativa.
Não sei exatamente o que queria escrever.
Talvez só queria curtir uma boa música.
Como A Coisa Mais Linda Que Existe, do Silva. Está na minha playlist.
Até a próxima.
Te vejo na terapia. 🌿