Culpa x responsabilidade: entenda a diferença e como isso afeta seu bem-estar emocional

Você já disse “a culpa foi minha” – quando, na verdade, o que estava em jogo era algo maior que um erro isolado?

Na Psicologia, compreender a diferença entre culpa e responsabilidade é fundamental para o equilíbrio emocional. Porque, como aponta o psicólogo Aaron Beck (1979), um dos fundadores da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), a forma como interpretamos nossos atos influencia diretamente nossas emoções e comportamentos.

Em outras palavras: culpa aprisiona, enquanto responsabilidade abre espaço para mudança.


O que é culpa?

A culpa surge quando interpretamos um ato como falha moral e passamos a julgar a nós mesmos como “errados”. Segundo estudos em Psicologia Moral, como os de Tangney e Dearing (2002), a culpa pode ter duas faces:

  • Uma adaptativa, que sinaliza que precisamos reparar algo;

  • E outra desadaptativa, que alimenta a vergonha, a autodepreciação e a paralisia emocional.

Na prática, quando a culpa se transforma em peso constante, ela deixa de ser sinalizadora e passa a ser um fardo emocional.

O que é responsabilidade?

A responsabilidade, por outro lado, não ignora os erros, mas muda a lente.
Ela permite reconhecer o impacto de nossas ações sem atacar quem somos.

A TCC reforça essa perspectiva ao trabalhar reestruturação cognitiva – ou seja, trocar pensamentos distorcidos (“sou uma pessoa horrível porque errei”) por interpretações mais funcionais (“errei, mas posso aprender e reparar”).

Responsabilidade é isso: não negar o erro, mas transformá-lo em ação consciente.


Culpa paralisa, responsabilidade movimenta

A diferença está no efeito emocional.
A culpa, especialmente a culpa tóxica, tende a gerar ruminação – aquele pensamento que roda em círculos, segundo Beck (2011), um dos fatores que mantém a depressão.
Já a responsabilidade cria movimento: abre caminho para arrependimento saudável, pedido de desculpas, reparação e aprendizado.

📌 Ou seja: a culpa diz “eu sou o erro”. A responsabilidade diz “eu cometi um erro, mas posso fazer diferente”.

Como praticar a responsabilidade sem cair na autossabotagem?

  • Reflita sem se julgar - Identificar pensamentos automáticos: em vez de “sou péssimo por ter feito isso”, pergunte-se “o que eu posso fazer a partir disso?”.

  • Assuma apenas o que cabe a você - Assumir culpas alheias é um fator de esgotamento emocional.

  • Permita-se reparar e também se perdoar - Como lembra Kristin Neff (2015), pesquisadora em autocompaixão, o perdão pessoal é um passo para sair do ciclo da culpa.


Culpa e responsabilidade podem nascer do mesmo lugar: um erro, uma palavra mal colocada, um silêncio que feriu.
Mas a forma como você escolhe olhar para isso muda o caminho.

A culpa prende, repete o peso, congela o gesto.
A responsabilidade, ao contrário, abre uma fresta – um convite para reparar, aprender, seguir.

Talvez você precise deixar a culpa descansar um pouco, para dar espaço à responsabilidade entrar.
Porque mudar não é apagar o que aconteceu, mas permitir que o que aconteceu abra espaço para algo novo dentro de você.

Te vejo no próximo post.

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Cansaço emocional não se resolve com sono: entenda a diferença entre exaustão física e mental

Você já acordou depois de uma noite inteira de sono e, mesmo assim, sentiu o peso do mundo nos ombros?
O corpo descansou, mas a mente… sempre pensando no dia de amanhã ou revisando o que aconteceu hoje. Esse é o sinal de que o problema pode ser um cansaço emocional — e não a simples falta de repouso.

Dormir ajuda a recuperar o corpo, mas não basta para restaurar o emocional. Porque o que nos esgota, muitas vezes, não é o que fazemos, mas o que carregamos por dentro.

Pessoa olhando pela janela ao amanhecer, expressão pensativa – conceito de cansaço emocional.

O que é cansaço emocional?

O cansaço emocional não aparece de repente. Ele é fruto de acúmulos invisíveis: preocupações guardadas, demandas que parecem não ter fim, expectativas alheias e até silêncios que pesam mais do que palavras.

É diferente do cansaço físico, porque não se trata apenas de músculos cansados, mas de uma mente sobrecarregada. É como tentar organizar uma casa sem nunca tirar o lixo — o espaço pode até parecer arrumado, mas a sujeira continua lá, escondida.

Sinais de que o cansaço vai além do físico

Nem sempre o cansaço emocional é óbvio. Mas ele dá sinais — pequenos, sutis, até que se tornam um grito.

  • Sensação de vazio ou desânimo, mesmo depois de descansar.

  • Irritabilidade ou choro fácil sem motivo aparente.

  • Dificuldade de concentração, como se a mente estivesse “aérea”.

  • Sensação de estar “funcionando no automático”.

Se você se identifica com vários desses sintomas, talvez o sono não seja o único descanso que está faltando.

Por que o sono não é suficiente?

O sono é essencial, mas não faz o trabalho emocional que você evita. Ele repõe a energia física, mas não resolve a bagunça que sentimentos não processados deixam.

É como carregar uma mochila pesada: dormir é como sentar por alguns minutos, mas continuar com o peso às costas. Só quando você abre a mochila, olha o que tem dentro e escolhe o que deixa é que o alívio real acontece.



Como começar a cuidar do seu emocional (sem pressa)

Não existe atalho — e não deveria existir. Mas há caminhos possíveis:

  • Reconheça o que sente. Dar nome às emoções tira parte do peso delas.

  • Crie pausas de verdade. Não é só largar o celular por 5 minutos; é respirar, meditar, escrever.

  • Converse com alguém de confiança. Amigo, familiar, terapeuta — quem possa escutar sem julgamento.

  • Reveja suas expectativas. Você não precisa “dar conta de tudo” o tempo todo.

    Cama arrumada com luz suave – contraste entre descanso físico e mental.

Dormir ajuda o corpo. Mas quem acalenta o que dói por dentro? Talvez você esteja tentando “aguentar firme” há muito tempo. Talvez tenha dito a si mesmo que só precisava descansar — e percebeu que o sono não levou embora o peso.

Não é fraqueza. É um pedido de cuidado. Cuidar do cansaço emocional não é sobre fazer mais, e sim sobre permitir-se sentir, pausar e reorganizar o que pesa.

Talvez você precise de silêncio, talvez de uma conversa, talvez de ajuda — e tudo bem.
O ponto não é resolver tudo agora, mas começar a olhar para si com a mesma atenção que oferece ao mundo.

Porque descanso de verdade não é apenas fechar os olhos, é abrir espaço dentro de si.

Te vejo no próximo post.

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Nº V - Entre Sessões e Silêncios: Luto e Cuidado se encontram no cotidiano

Já fazia um mês desde a perda da avó. Um mês que passou devagar, com uma rotina arrastada e pedidos de socorro em silêncio — sem resposta. Naquele dia, ela tinha terapia. Chegou cansada, sem saber muito o que dizer, sem saber nem o que queria dizer.

Foi então que entendeu: o cansaço estava mais pesado que o normal, a solidão mais densa, e a sensação era de que estava perdendo a luta, devagar. No fundo, ela já sabia. Sabia que aquele 21 de junho nunca mais seria o mesmo. E que as memórias não viriam com a mesma emoção.

Talvez, no fundo, já esperasse por isso. Lutar contra só a fez gastar energia e disponibilidade em vão. Ao perceber que estava na tal “recaída”, se acolheu. Chorou. E se perguntou por que estava deixando aquilo voltar a dominá-la. No meio de tudo, ficou chateada. Com raiva de si mesma. E, ao mesmo tempo, sentiu compaixão. Afinal, não é simples carregar a responsabilidade de ter estado presente nas últimas horas de vida de alguém tão importante.

Percebeu que não estava sendo honesta consigo. Estava se comparando, exigindo de si uma régua de perfeição que ninguém alcança. Se viu sozinha, desamparada... e com medo.

Depois daquela sessão, parou um pouco. Respirou fundo. Voltou para casa. Olhou suas plantas — que brotavam mesmo com a terra seca, algumas com pulgões e ervas daninhas — e viu que, apesar disso tudo, elas dançavam felizes com a brisa fria. Naquela hora, ela se sentiu como suas plantas. Dormiu pensativa com essa imagem. E, quando amanheceu, após o desjejum, calçou as luvas de jardinagem, preparou o inseticida e foi cuidar do seu jardim.

Nas horas que passou ali, sentiu o aperto no peito aliviar um pouco. Sentiu o cuidado preenchê-la. E conseguiu perceber, também, as pessoas à sua volta que pediam, em silêncio, por sua conexão.

Naquele dia, ela começou a se lembrar, de novo, de quem era, por debaixo da tempestade.

Grata por ler !

💋💋

Sacudindo a poeira: recomeços, autocuidado e escuta de si

Me sentindo enferrujada mas estamos aqui! 
Anos sem escrever, focada somente em seguir e cumprir todas as cobranças sociais impostas para nós e ditas como socialmente correta, Formar, arrumar um emprego, casar, ter filhos e assim sucessivamente.

Atualmente cheguei nos desafios que envolvem o Ter filhos, Todos os impactos que aparecem e sacrifícios e surpresas e amadurecimento... Tudo que acontece quando chegamos nessa parte.

Durante esse tempo e vivenciando meu processo para também lidar com as cobranças sociais, aprendi algumas coisas, mas a mais difícil e necessária foi a de ouvir e repetir a frase - Tenha paciência! -. Tudo que eu fazia requer paciência, comer, ver um filme, ler um livro, esperar alguém, esperar ter o dinheiro conta para comprar algo, esperar para poder comer um prato desejado, resolver alguma demanda no trabalho. Absolutamente tudo era necessário ter paciência, principalmente comigo mesma. E com o passar do tempo fui percebendo que eu estava, em alguns momentos ainda estou, bem impaciente e intolerante. 

Era meu cérebro em estado de ansiedade, somente urgência e preocupação pairavam em meus pensamentos. E com isso a necessidade de fazer as coisas correndo, além de querer resolver tudo, por ter a sensação de que "não daria tempo" ou então "não sei se vou dar conta". Isso me fez adquirir alguns cabelos brancos e vivendo sempre apressada, deixando de lado partes importantes e necessárias em nossa vida.

Acabava que com a preocupação de atender essas cobranças sociais, me esquecia da melhor parte, dos Detalhes, são eles que fazem a vida ter sentido, que fazem a diferença em nossa rotina e preenchem parte de nossos vazios. Como por exemplo, o prazer de tomar um banho após um dia de trabalho cheio, ou como o momento em que preparamos nosso café de manhã, dosagem de pó, temperatura da água. Detalhes que fazem os momentos serem únicos em nossa vida. Que muitas vezes, a preocupação de não ter tempo nos cega para tais sutilezas.



Sacodir a poeira para voltar a escrever, foi uma decisão que aconteceu quando decidi trocar de carreira, sair de uma empresa para começar algo meu, o Universo me mostrou uma pequena luz sobre um hábito de anos atrás, colocado debaixo do tapete. Esse blog inicialmente tinha o objetivo de ser uma ferramenta terapêutica em minha adolescência, para me ajudar a lidar com a Depressão e Transtorno de Ansiedade, foi tão bom para mim que rendeu vários textos, com várias temáticas que estou modificando e ajustando aos poucos!

Eu desabafava, falava sobre minha percepção de mundo e em como amadurecer era um processo um tanto complexo para mim. Com uma visão um pouco diferente, o direcionamento dos textos agora serão de experiências pontuais e temais mais específicos, pois penso que experiências podem ocorrer de forma semelhante com outras pessoas, então porque não compartilhar a minha e de alguma maneira mostrar para o outro que ele não está só.


Hoje vejo que toda essa movimentação foi necessária para chegar onde estou hoje. E se o Universo me trouxe essa luz novamente, acredito que seja um pequeno sinal de que sacodir a poeira era necessário, e escrever que tanto me deixava feliz em fazer não precisava ser deixado de lado. 

Nesse novo momento, um dos meus objetivos é escrever textos sobre experiências e aprendizados que tive e tenho, lidando com as adversidades e maravilhosidades que a vida proporciona. Escrever sobre percepções e falar um pouco mais sobre gostos e particularidades que com certeza, vocês também têm ! #risos

Te vejo no próximo post.

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Nº IV - Entre Sessões e Silêncios: Entre uma Neosa e uma verdade difícil

Nº IV

Já se passou uma semana desde a última sessão de terapia. 
Sobrecarga foi o tema conversado, e as consequências disso. Seria de trabalho? De decisões tomadas? De tentativas constante de manter tudo sob controle? Ou até de todas as opções anteriores.
Era uma sobrecarga de vida — de ser mulher, mãe, profissional, cuidadora de todos… e com imensa dificuldade de pedir socorro.

Refletiu sobre ... Quando tudo começou? Onde foi que se perdeu nesse caminho? Era um peso antigo, silencioso, ou algo recente, que chegou de mansinho e se instalou? Se deparou com uma verdade difícil: estava sobrecarregada por querer agradar demais aos outros — e esquecer de si. De mover montanhas para quem não subia uma ladeira por ela, e ainda ouvir que não precisava que ela fez porque quis. Como se o cansaço fosse escolha.

Estava sobrecarregada de carregar o orgulho, de precisar se defender de tudo — até do que fazia para se sentir viva, de achar que não dava conta porque alguém disse que seria difícil demais o fardo.
Decidiu aceitar a sobrecarga, das tarefas de casa, do cuidado com a filha e das demandas do trabalho, mas não mais aceitar as migalhas alheias. As que vinham de má vontade, e ainda assim pesavam mais do que todo o resto.

Decidiu fazer para si. Expectativas? -Tss- está aprendendo a não se prender a elas. E, principalmente, a não criá-las. Se abriu para isso tudo que é ser ela mesma, seja cansada e querendo ficar em silêncio, seja eufórica querendo falar sobre tudo que aconteceu no seu dia, seja na calmaria de um fim de dia, seja na agitação de uma segunda feira. Que não tem o controle de tudo, e tá tudo bem. Está aprendendo a tirar lições da experiência — seja ela passada, presente, ou futura.

O estresse virou uma dor de cabeça, que uma Neosa resolveu, e desde então coisas novas nasceram, possibilidades surgiram.

E ela decidiu: vai agarrá-las pelas barbas.

Grata por ler !

💋💋

Velho ou jovem com experiência? Uma reflexão sobre envelhecimento, cobrança e identidade

Uma reflexão sobre envelhecimento, cobrança e identidade

Velho ou jovem com experiência?

Ontem, durante o atendimento de uma desenvolvida, conversamos sobre chegar aos 30 anos. Para alguns, isso representa um marco de maturidade. Para outros, um fardo silencioso.

Um simples par de números que muda anualmente, mas que traz consigo tantas descobertas — e receios.

🪞 A imagem da idade: o velho como ultrapassado

No meio da conversa, surgiram frases como “estou ficando velha”, acompanhadas de ideias sobre pintar os cabelos ou fazer botox. Isso me fez refletir: como entendemos e lidamos com o envelhecer?

Por muito tempo, fomos ensinados que “envelhecer” é sinônimo de atraso, de decadência. Que manter-se jovem é estar atualizado, moderno. Misturamos imagem com idade. E esquecemos da maturidade, do conhecimento, da profundidade.


👥 Experiência não tem idade

Se olharmos com calma, vemos jovens com pensamentos engessados e idosos com ideias surpreendentemente novas. Muitas empresas mundialmente conhecidas surgiram após os 40 — McDonald’s, Nestlé, Coca-Cola, IBM…

O desenvolvimento da mente não tem prazo de validade. E o pensamento fresco pode vir em qualquer fase da vida.

As armadilhas dos marcos de idade

A cada década, novas pressões:

  • Aos 10, precisamos “deixar de ser criança”.

  • Aos 20, ter uma carreira em curso.

  • Aos 30, um trabalho estável e uma família.

  • Aos 40, maturidade.

  • Aos 50, sabedoria.

  • Aos 60, razão.

  • Aos 70+, viramos referência de “iluminados” — quase como um Buda da vida real.

É como se cada número trouxesse um novo pacote de exigências — sociais e internas.

🧠 Será medo da idade… ou medo das cobranças?

Talvez o medo de envelhecer não esteja na idade em si, mas na pressão de não alcançar o que esperam de nós. E isso é exaustivo.

Ressignificar as limitações, aceitar o tempo e acolher as mudanças exige coragem — especialmente para quem ainda mantém sua “Gabriela interior” forte: “eu nasci assim, eu cresci assim...”

🌿 Envelhecer pode ser libertador

Envelhecer não é apenas sobre o corpo. É sobre tempo interno.
É sobre olhar pra dentro e ver tudo o que já mudou — com orgulho e leveza.

Observar nossas conquistas, acolher nossos erros, rir de algumas fases e se permitir viver outras. Isso também é autocuidado.

Pensando nisso, você acredita que está se tornando Velho ou se tornando um Jovem com Experiência?

Até a próxima conversa ! 
Te vejo na terapia.

🌿📝😘






Às vezes precisamos mudar de ideia: reflexão sobre amadurecimento e autocompaixão




Coragem para mudar: enfrentando o medo e ressignificando bloqueios

Nesse fim de semana, participei de um evento sobre empreendedorismo feminino. Durante uma atividade simples — encher um balão pensando no que mais me trava — algo começou a se movimentar dentro de mim.

Como toda boa paciente com tempo de terapia (😅), eu sabia o que estava colocando ali. Desenhei, escrevi, nomeei meu problema. Mas... não estourava o balão.

🌀 Observar antes de agir também é parte do processo

Enquanto outras mulheres estouravam seus balões logo nas primeiras palestras — e eu vibrava junto — percebi que meu processo era outro. Precisei de mais tempo, mais escuta, mais conexão.

Entre uma fala e outra, veio à tona algo importante: a necessidade de manter a mente em desenvolvimento contínuo. De me colocar no mundo, em sociedade, mesmo com minhas dificuldades de socialização. Sair da zona de conforto, falar, aparecer, me posicionar.

Heráclito já dizia: “Panta Rei” — tudo flui. E ali, eu flui.

🔍 A frase que virou chave: coragem na motivação ou no desespero?

Durante a segunda palestra da tarde, às 15h40, ouvi uma pergunta que me atravessou:
“Você vai enfrentar isso no auge da motivação ou no auge do desespero?”

Aquilo me pegou em cheio. Eu sabia o que precisava fazer. Eu precisava ressignificar meu medo.

💭 Sim, eu também sinto medo

Medo de ser julgada. Medo de falhar. Medo de ser rejeitada.
E, como falamos na última sessão de terapia, às vezes o medo está ligado a pessoas e contextos que precisaram ficar para trás — ou que eu precisei passar a ver com outros olhos.

O medo, nesse caso, não desaparece. Mas ele pode ser olhado, entendido e reorganizado.

Ressignificar é um ato de coragem emocional

Fazer o que precisa ser feito, mesmo que você não goste.
Na terapia, é possível identificar quais crenças limitantes se ativam, quais gatilhos surgem, quais tipos de obstáculos aparecem e como lidar com tudo isso.

Ressignificar algo exige coragem, maturidade e abertura de coração.
Aceitar que sentimos medo também é coragem.

Tudo bem se você ainda sente que não é a hora. Mas... vale a pena pensar sobre isso.


Te vejo na terapia! 

🌿📝



Altruísmo ou anulação? Reflexão sobre ajudar os outros sem se perder de si

Altruísmo e autoconhecimento: quando ajudar também é se perceber

No evento Empreendedora Imparável, que participei no dia 07/05, uma das palestrantes nos propôs uma tarefa diferente: perguntar a alguém (ou publicar nas redes sociais) quais três características vinham à mente quando pensavam em mim.

Confesso, foi desafiador. Bateu aquela ansiedade: e se vier algo negativo? Mas fui. Fiz. E me surpreendi!

🌟 Uma palavra em comum: altruísta

Entre as muitas respostas, teve uma que se repetiu em quase todas: altruísta.
Achei curioso. Fiquei feliz, confesso. E comecei a refletir mais profundamente sobre isso.

Altruísmo é um termo bonito, mas também muito mal compreendido. Então vim aqui conversar um pouco sobre ele — como conceito, mas principalmente como vivência.

🧠 O que é altruísmo, afinal?

Segundo Oliner (2002), o altruísmo é um comportamento voluntário voltado a ajudar outra pessoa, mesmo que isso envolva custo ou risco pessoal, sem esperar recompensas externas. É um comportamento pró-social, como afirmam Eisenberg e colaboradores (1989, 1999). Com o tempo — e terapia — entendi que ser altruísta não é se anular, mas sim agir com intenção, escuta e equilíbrio. E que a bondade, quando mal interpretada, pode ser vista como intromissão. Mas não é. É potência.

🤔 Mas... e quando a gente se machuca tentando ajudar?

Hoje em dia eu tenho mais cuidado. Observo se a pessoa realmente está aberta, se é o momento certo, se vale a pena. Mas nem sempre foi assim.

Antes de aprender a perguntar “você quer ajuda?”, eu ia logo agindo. E, como você pode imaginar, nem sempre fui bem recebida.

Fui podada. Fui mal interpretada. Fui chamada de exagerada.
Mas fui também amadurecendo. E entendi que ser boa não significa ser boba.

🧭 Quem é de verdade sempre aparece

Com o tempo, aprendi que existem pessoas que só sabem receber, sem oferecer troca. Gente que julga, que distorce, que tenta apagar o brilho do outro. Mas também aprendi a identificar essas relações — e me afastar com paz.

Costumo dizer que a vida, o universo e Deus nos mandam sinais.
Basta ter maturidade para enxergar. E coragem pra aceitar o que se vê.
(Esses dois últimos são sempre os mais difíceis, né? risos)

🌱 Ser altruísta com o outro… e com você mesma

Hoje eu também faço terapia. E digo isso com orgulho.
A mente precisa de cuidado como qualquer outra parte do nosso corpo.

A gente se preocupa com o coração quando come fritura, mas não se preocupa com o sono que não vem, com o cansaço emocional, com a exaustão invisível.

A terapia me ajuda a reorganizar. A ressignificar. A continuar sendo eu — inclusive nas partes que estou aprendendo a amar.

 
Precisamos buscar ser altruístas consigo mesmo. Faz bem pra gente e para quem está a nossa volta. 

Te vejo na terapia 🌹

Eisenberg, N., Fabes, R. A., Miller, P. A., Fultz, J., Shell, R., Mathy, R. M., & Reno, R. R. (1989). Relation of sympathy and personal distress to prosocial behavior: a multimethod study. Journal of Personality and Social Psychology, 57(1),55-66.     

Eisenberg, N., Guthrie, I. K., Murphy, B. C., Shepard, S. A., Cumberland, A., & Carlo, G. (1999).Consistency and development of prosocial dispositions: a longitudinal study. Child Development, 70(6),1360-1372. 

Oliner, S. P. (2002). Extraordinary acts of ordinary people: faces of heroism and altruism. In: S. G. Post, L. G. Underwood, J. P. Schloss & W. B. Hurlbut (Eds.), Altruism and altruistic love: science, philosophy and religion in dialogue (pp. 123-139). Nova Iorque: Oxford University Press.